Na investigação atual, uma das questões que busco problematizar com o trabalho é a reflexão sobre como o esporte pode se configurar, paradoxalmente, como um espaço de culto à masculinidade hegemônica e ao comportamento homofóbico e também de legitimação de práticas sociais homoeróticas [que por ocorrerem na arena esportiva, não são contestadas pela sociedade heterossexista].
Embora a homofobia seja um mecanismo de controle da manifestação de afeto entre homens na sociedade contemporânea, o esporte providencia oportunidades para que eles se socializem e vivenciem situações de intimidade de forma legítima em alojamentos, vestiários, concentrações pré-competições, bares, entre outras situações nas quais há ausência feminina [1].
Nessa arena, a masculinidade heterossexual tende a ser construída coletivamente, a partir da prática de interpretar a homossexualidade e a feminilidade como "não-masculinas" [2] e hierarquicamente inferiores. No universo homossocial do esporte, a negação de qualquer impulso homoerótico é um elemento chave desta elevação da superioridade heterossexual. O esporte moderno é uma instituição genderizada, pois suas estruturas e valores dominantes refletem o medo e a necessidade de uma masculinidade ameaçada. O esporte simboliza a estrutura masculina de poder dos homens sobre as mulheres e finalmente, constitui e legitima uma organização social heterossexista da sexualidade.
O esporte - sobretudo aquelas modalidades consideradas bastiões da masculinidade - deve ser interpretado como instituição social que reflete questões sociais circulantes na sociadade contemporânea. Nesse contexto, como a arte contemporânea [especificamente a pintura] pode levantar questões sobre os mecanismos pelos quais esse paradoxo se manifesta, causando conflitos?
"Jogadores II" 2010 Acrílica sobre tela 100 x 70cm |
"Jogadores I" 2010 (Acrílica sobre tela 138x50cm) |
[2] MESSNER, M. A. Power at Play: sports and the problem of masculinity. Boston: Beacon Press, 1992.
Nenhum comentário:
Postar um comentário