8 de setembro de 2010

Por uma interpretação "aberta" da imagem

Meu processo criativo, então, passou a abordar práticas corporais consideradas de reserva masculina [1], a saber: inicialmente o futebol e posteriormente a luta.

Tenho buscado explorar, a partir da metáfora, a polissemia produzida pela imagem, pois interpreto que não há uma “verdade” ou sentido a priori na linguagem (e na obra do artista), de forma a que a mesma tenha a intenção de dizer “isso ou aquilo” como algo “fechado” [2]. A produção de sentido se dá no dialogismo entre a intenção do autor/leitor (artista/receptor); depende da história de leitura de quem lê (observa a obra) a partir de uma lógica “aberta” e “plural” [3].

Nas artes visuais, esta interlocução, por vezes, se dá pela filtragem do crítico/a ou do curador/a. Sendo assim, apesar do artista ter uma intenção ao produzir a obra, tende a perder o controle sobre a polissemia que a mesma produz a partir da interpretação de seus receptores. Na produção de sentido da obra, deve haver interlocução entre a intenção do artista, as contingências espaço-temporais e as condições de aprendizagem do espectador [4].

[1] DEVIDE, F. P. Gênero e Mulheres no esporte: história das mulheres nos Jogos Olímpicos Modernos. Ijuí: Unijuí, 2005.
[2] ECO, U. Interpretação e superinterpretação. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2005.
[3] DANTO, A. Arte sem paradigma [1994]. Arte & Ensaios. Rio de Janeiro. Ano VII, n. 7, p. 198-202, 2000.
[4] SIMÃO, L. V. Da prática da arte à prática do artista contemporâneo. Concinnitas. Rio de Janeiro. Ano 6, v. 1, p. 142-157, 2005.

Um comentário:

  1. Fabiano,o Marcel Duchamps dizia que todo trabalho de arte tem um coeficiente artístico,que na verdade independe da vontade do autor da obra;isso faz de qualquer trabalho um mistério,até mesmo para o artista que o concebe;sentidos diversos são descobertos pelo espectador(ainda bem...rrss);abs Claudio

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