7 de setembro de 2010

EAV 2010.1

Em 2010, ingressei no Módulo avançado de pintura, sob orientação dos professores Ivair Reinaldim e Daniel Senise. Após o período de experimentação em 2009, elaborei um projeto de investigação para direcionar a produção na EAV.

Optei por discutir as questões relacionadas às identidades de gênero e suas relações com o corpo na sociedade contemporânea. A identidade de gênero se constrói na interação de fatores internos, do sujeito; e externos, do meio social [1]; são múltiplas, transitórias e contingentes, com caráter instável, histórico e plural , rompendo a noção de “masculinidade” ou “feminilidade” como identidades fixas [2], pois o sujeito é responsável pela construção de sua identidade em termos de práticas socialmente sancionadas.

Identificamos uma cultura de consumo atrelada ao corpo que o supervaloriza, dimensiona e esquadrinha. No que tange à identidade de gênero masculina, a aparência do corpo contemporâneo ancora valores como virilidade, dominação, hierarquia, força e poder, construindo “anatomias de consumo”, presentes no cotidiano: brinquedos, TV, publicidade, jogos eletrônicos, desenhos e a prática corporal, que servem de material para minha investigação [3].



"Ônus patriarcal" 2010
(Acrílica sobre tela 140 x 180cm)
 
 
Os primeiros trabalhos de pintura apresentados no Módulo foram concebidos a partir da idéia de contestação da "masculinidade hegemônica", com imagens que abordavam o "ônus patriarcal", no sentido conferido por Bourdieu:
“o privilégio masculino é também uma cilada (...) impõe a todo homem o dever de afirmar (...) a sua virilidade (...) entendida como capacidade reprodutiva, sexual e social, mas também como aptidão ao combate e ao exercício da violência (...) o homem ‘verdadeiramente homem’ é aquele que se sente obrigado a (...) fazer crescer sua honra (...) na esfera pública” [4].

[1] CONNELL, R. W. Políticas da masculinidade. Educação & Realidade. Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 185-206, 1995.
[2] MESSNER, M. A. Power at Play: sports and the problem of masculinity. Boston: Beacon Press, 1992.
[3] FRAGA, A B. Anatomias de consumo: investimentos na musculatura masculina. Educação e Realidade. Porto Alegre, v. 25, n.2, p 135-150, 2000.
[4] BOURDIEU, P. A Dominação masculina. Bertrand: Rio de Janeiro, 1999. p. 64.

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