9 de novembro de 2013

"Blue Hall" [2013]: experiência e processo criativo

A construção de uma instalação é um desafio e conjuga uma série de variáveis a serem consideradas, como p. ex., o espaço físico, os materiais, o uso da cor, a experiência sensorial que se deseja desencadear no espectador, a existência ou não de uma dimensão relacional, entre outros aspectos a serem considerados, projetados com antecedência pelo/a artista.


Entrada de "Blue Hall"

"Blue Hall", entre outros projetos que tenho mas dependem de verba para execução, foi realizado no âmbito do próprio ateliê, no contexto de um evento para 40 pessoas, pois se propunha ser relacional, no sentido conferido por Nicolas Bourriaud*** em seus escritos sobre "Estética relacional" (2009).
 
A obra foi construída num corredor de quarto metros de comprimento por oitenta centímetros de largura, conferindo profundidade, mas também, uma característica que se relaciona à dimensão de confinamento dos personagens que tenho produzido em desenhos na série "Janelas" [2012-13], já apresentando novos elementos decorrentes do processo criativo e investigações, como o próprio "Blue Hall".



Terceiro conjunto de fotografias [2012]
A instalação também teve o intuito de apresentar o processo de trabalhos de 2012, em 3 conjuntos de fotografias produzidas pelo artista no cotidiano, viagens e por vezes, em projeções de salas de cinema. Tais conjuntos eram, respectivamente, sobre referências de imagens de "janelas" para o artista; um segundo, com as fotografias de pessoas anônimas feitas por ele; e o terceiro [à esq.], sobre fotografias retiradas da internet, usadas nos primeiros trabalhos da série "Janelas". Os conjuntos sofreram intervenções com fita adesiva e costura, de acordo com características e sentidos que o artista desejou produzir.

Fotografias de pinturas [2012]
Na parede oposta, instalou-se um "varal" [abaixo], com fotografias das obras da série "Janelas" participantes de exposições e/ou salões em 2012-13, com intervenções com linha azul, que em novelos, se desfaziam e se alinhavavam com as demais fotografias, estabelecendo relações. Ao final do corredor, se apresentaram 5 fotografias de pinturas da série em grande formato [à esq.], também com intervenções com novelos azuis.
 
 
Varal com fotografias da
série "Janelas" [2012]
Teto com focos de luz e papéis
para interação do espectador


 
Vista do "Blue Hall"
com banco ao fundo
 
O corredor contou com 2 focos de luz no teto [à esq.], sob plástico que o recobriu por inteiro. O piso foi construído com materiais como colchões, recobertos com plástico bolha e azul, como o teto [abaixo, à esq.].
 
 
 
Duas gambiarras, com lâmpadas espirais azuis de 26 W foram instaladas: uma na parede, no centro do corredor; e outra na porta, ao seu final, ativando a cor azul no espaço, onde se encontráva, ao fundo, em frente à uma porta azul, um banco azul, sob o qual duas caixas de som tocavam Sorrow [Pink Floyd] e o espectador podia se acomodar [à dir.].
 
 
 
 
 
 Ao seu lado, uma nova passagem, uma porta negra com uma janela azul, comunicava o "Blue Hall" com uma sala onde videos eram projetados por colegas artistas [à esq.].
 
 
 
A intenção central de "Blue Hall" foi materializar o espaço dos personagens da série, o que tem sido difícil institucionalmente, promovendo uma experiência sensorial e interacional, pois no teto, pendurados no plástico azul, papéis estavam dispostos por finas linhas azuis, para que os espectadores escrevessem o que desejassem sobre o que sentiam no interior da instalação, assim como poderiam deitar no corredor, no intuito de se sentirem parte da obra, como no exemplo acima [à dir.],onde há o escrito de um dos que passaram por ali: "All you need is love..." and A.R.T. 
  

Um dia A.Z.U.L. a todos/as. Obrigado àqueles/as que estiveram presentes no evento e por visitarem o site. Abç. Fabiano Devide.
 
***BOURRIAUD, Nicolas. Estética Relacional. São Paulo: Martins Fontes, 2009.



11 de setembro de 2013

O esporte na ART Rio 2013

A terceira edição da ART Rio ocorreu entre 3 e 8 de setembro nos Armazéns 1, 2, 3 e 4 do Píer Mauá, no Centro do Rio de Janeiro, numa área que está sendo revitalizada e conhecida pelo projeto "Porto Maravilha". No contexto da feira de arte, com mais de cem galerias presentes, entre as quais, as norte-americanas Gagosian e White Cube, ocorreram os "programas": PANORAMA, destinado às galerias estabelecidas no circuito internacional; VISTA, destinado às galerias jovens, com curadoria experimental; LUPA, reunindo vinte obras em grande escala de galerias participantes; e SOLO, uma intervenção dos curadores Pablo León de la Barra e Julieta Gonzalez, que convidaram artistas a produzirem obras sobre a temática "Visão do Paraíso", de Sergio Buarque de Holanda. Este post tem a intenção de destacar o esporte como tema na obra de artistas presentes na feira, que possuem produção significativa no campo da arte contemporânea, como Leda Catunda, Nelson Leirner, Miguel Rio Branco, Cildo Meireles, entre outros/as.
 
 
 
Obras recentes de LEDA CATUNDA tematizando motociclismo e futebol.
A artista está com exposição até outubro na Silvia Cintra + Box 4, galeria na Gávea, Rio de Janeiro, até início de outubro, com trabalhos desta série. 
 
 

 
Obra de MIGUEL RIO BRANCO tematizando o boxe.
 
 



 
Obras em grafite s/ papel tematizando o futebol.
 
 

 
Obra de NELSON LEIRNER tematizando o futebol.
Título: Carta a... 9 - 21x32cm, múltiplo [edição de 30], 2012.


 Obras de NELSON LEIRNER tematizando a natação, o futebol e o skate, utilizando cadernos e skate como suportes..
 
 
 
Obra de CILDO MEIRELES tematizando o futebol.
Título: Campos de Jogo - acrílica s/ tela, edição de 4, 112x143cm, 1988.



 
Obra da ANNA VITÓRIA MUSSI tematizando o futebol.
Título: Na trave - Fotografia, edição de 7, 110x151cm


5 de setembro de 2013

Participação na inauguração da GALERIA ORLANDO LEMOS - BH

Em 31 de agosto ocorreu a inauguração da ORLANDO LEMOS GALERIA “, na região metropolitana de Belo Horizonte. A mostra coletiva conteve obras de artistas contemporâneos com variadas mídias. Trabalhos dos jovens  Bruno Rios [MG],  Daniel Nogueira [SP], Jonas Aisengart  [RJ], Rafael Pagatini [RS], Ricardo Mello [RS], Marcelo Solá [GO],  dos paulistas ou radicados:  Adrianne Gallinari, Ronaldo Grossman, Lucas Bambozzi, Luiz Martins e Paulo Whitaker,  dos cariocas: Fabiano Devide, Geraldo Marcolini, Leonardo Videla, Osvaldo Carvalho, Rafael Vicente, Vivian Caccuri, dos mineiros: Gustavo Xavier, João Maciel, Warley Desali, Yuri Firmeza [CE], entre outros comporão a mostra.
 
 
A  Orlando Lemos Galeria  propõe ser um espaço múltiplo, dedicado ao desenvolvimento do pensamento crítico e artístico. Com 800m² de área construída, sua proposta é fomentar a produção, formação, reflexão e a experimentação artística nos diversos campos de diálogo das artes visuais.  A galeria conta com quatro salas expositivas, além do espaço de acervo do “cast”. Possui ainda generoso espaço para  armazenar obras e realizar residências artísticas e de jovens curadores. A Galeria acredita que a formação política, ética e humanística de um indivíduo passa  pelo  "olhar estético".  E que o desenvolvimento deste pensamento artístico, criativo e sensível contribui para formação de uma sociedade melhor.
 
“Acredito que  uma obra de arte é aquela que acima de tudo emociona, pois transforma o sujeito que a observa  ao estabelecer uma espécie de comunicação silenciosa e inexplicável entre a  obra  e o espectador “. Orlando Lemos –  diretor e proprietário 

Serviço: Rua Melita, nº 95, tels : 55 31 3224 5634 ou 55 31 3581 2025bairro Jardim Canadá, distrito de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, aproximadamente 40 km do Museu INHOTIM.

Série "Janelas"
Guache e impressão de carbono s/papel
Dimensões variadas
2012
Vão central da galeria Orlando Lemos
[térreo]



Fabiano Devide [artista] e OrlandoLemos [galerista]


[Texto adaptado do release da galeria]

29 de agosto de 2013

CONVITE para inauguração ORLANDO LEMOS GALERIA - Belo Horizonte, MG

Convido aos amigo/as artistas e apreciadores da Arte Contemporânea a comparecerem à abertura da Galeria Orlando Lemos, em Nova Lima, Belo Horizonte, MG, onde estarei participando com trabalhos recentes. Abaixo segue o convite e o release da inauguração.
Abç. Fabiano Devide.
 
RELEASE  
INAUGURAÇÃO  “ ORLANDO LEMOS GALERIA “
SOBRE :
A  Orlando Lemos Galeria  propõe ser um espaço múltiplo, dedicado ao desenvolvimento do pensamento crítico e artístico.
Com 800m² de área construída, sua proposta é fomentar a produção, formação, reflexão e a experimentação artística nos diversos campos de diálogo das artes visuais.
A Galeria acredita que a formação política, ética e humanística de um indivíduo passa  pelo  "olhar estético".  E que o desenvolvimento deste pensamento artístico, criativo e sensível contribui para formação de uma sociedade melhor.
“Acredito que  uma obra de arte é aquela que acima de tudo emociona, pois transforma o sujeito que a observa  ao estabelecer uma espécie de comunicação silenciosa e inexplicável entre a  obra  e o espectador “.
Orlando Lemos –  diretor e proprietário 
A GALERIA :
Situa-se à rua Melita nº 95 / tels : 55 31 3224 5634 ou 55 31 3581 2025;  próxima á praça Quatro Elementos e ao  restaurante “La Victória “; no bairro Jardim Canadá, distrito de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, a aproximadamente 12 km do BH Shopping sentido Rio de Janeiro pela rodovia BR356.
A galeria conta com quatro salas expositivas, podendo acomodar quatro eventos distintos ao mesmo tempo e outras salas para possibilitar acervo do “cast” da galeria sempre exposto. Possui ainda generoso espaço para  armazenar obras e acomodações para residências artísticas e de jovens curadores.
INAUGURAÇÃO :
A inauguração será no dia 31 de Agosto de 2013, sábado,  das 11h00 às 22h00;  com uma mostra coletiva de artistas contemporâneos  de variadas mídias e também obras de artistas “populares”,  como as do sergipano “ Véio “.
Trabalhos dos jovens  Bruno Rios - MG,  Daniel Nogueira - SP, Jonas Aisengart  - RJ, Rafael Pagatini - RS, Ricardo Mello - RS, do goiano  Marcelo Solá,  dos paulistas ou radicados :  Adrianne Gallinari, Ronaldo Grossman, Lucas Bambozzi, Luiz Martins e Paulo Whitaker,  dos cariocas : Fabiano Devide, Geraldo Marcolini, Leonardo Videla, Osvaldo Carvalho, Rafael Vicente, Vivian Caccuri, dos mineiros : Gustavo Xavier, João Maciel, Warley Desali, e do cearense Yuri Firmeza entre outros comporão a mostra.
Obrigado,
Orlando Lemos  -  cel. 55 31 9403 0950

11 de agosto de 2013

Série "Silêncios" na edição do MORAR POR MENOS (BH)



 
 

Ambiente "Sala do galerista", do arquiteto Willemberg Lobato, no evento MORAR MAIS POR MENOS - MG, que ocorre em Belo Horizonte, até o dia 29 de setembro, com trabalhos da Galeria Orlando Lemos (BH), na qual sou representado. Ao fundo, uma de minhas pinturas da série "Silêncios" [imagem abaixo].
 
Série "Silêncios" - S/ título
Acrílica s/ tela
140 x 139 cm
2011
 


27 de junho de 2013

Futebol e Arte Contemporânea brasileira

Claudio Tozzi
"A dança do futebol"
Acrílica s/ tela
245x190cm
1997



Interpretar o esporte enquanto uma instituição social, ao lado da escola, da religião, da mídia, da família, entre outras, significa pensá-lo como elemento constituinte da identidade de uma sociedade, responsável por influenciar a construção de representações sociais que circulam numa determinada cultura.
Quando pensamos na sociedade brasileira, a presença do futebol enquanto prática esportiva hegemônica, dispensa  argumentos de autoridade provenientes da literatura, que a partir de uma abordagem interdisciplinar,  tem se debruçado sobre este fenômeno.











Como "paixão coletiva", no Brasil, o futebol pode ser visto como um símbolo que ancora valores culturais e representa uma dada sociedade. Murad (2012) afirma que este elemento da Cultura Corporal configura-se numa via para o entendimento do próprio país. Segundo o autor, o futebol é a modalidade esportiva mais popular do planeta, envolvendo bilhões de pessoas direta ou indiretamente, apresentando características como a imprevisibilidade, a espontaneidade, as regras universais e simples, além de seu caráter democrático, ao destacar a ação coletiva, sem excluir o brilho da iniciativa individual.
 

Affonso Abrahão
"Campo"
2007

Entendendo que estudar as práticas esportivas pode ser uma forma de pensar as sociedades contemporâneas, como esse elemento da cultura é/foi apropriado pelos/as artistas no âmbito da história da arte brasileira?

Artistas modernos e contemporâneos tematizaram o futebol  a partir de diferentes suportes (pintura, desenho, objeto, vídeo) e linguagens. Aqui, apresento algumas imagens de artistas contemporâneos, que a partir da década de 1960 se apropriaram do futebol para  produzirem um discurso imagético acerca de diferentes temas sociais, por vezes desejando falar do próprio esporte; outras, fazendo uma crítica social mais contundente, articulando-o com temas e tempos sociais.

Se considerarmos o futebol como "uma metáfora possível de estruturas existenciais básicas, uma representação da vida social (...) síntese de uma determinada cultura e via de acesso à compreensão de seus fundamentos e de sua história" (MURAD, 2007, p. 17-18), podemos pressupor que a Arte, ao tematizá-lo, opera como via de propagação desta cultura, a partir de uma produção polissêmica que amplifica as possibilidades de interpretação desse fenômeno cultural, com vistas à apreensão dos fatos sociais. 



Cildo Meireles
"Campo de Jogo"
245 x 209cm
1989




Felipe Barbosa
"Bola 3D"
2002

Fernando Ancil
"Área de efeito sonoro"
still de vídeo
2011







Leonilson
"Das três armas [do vôlei, do futebol]"
1990


Luiz Paulo Rocha
"Futebol a trois"


Marina Reighantz
"Oberholz"
2010


Nelson Lerner
"Futebol"


Raul Mourão
"Campo todo fraturado"
aço e resina sintética
Dimensões variáveis
2010



Regina Silveira
"Dilatável time"
1981-2001



Rubens Gershman
"Os 99 heróis do estádio"
Nanquin e guache s/ papel
50 x 65 cm
1965

Julio Leite
"Zona de Fronteira"

Vik Muniz
"Bola murcha"
1989

Fontes:
 
MURAD, M. A violência e o futebol: dos estudos clássicos aos dias de hoje. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
MURAD, M. A violência no futebol. São Paulo: Benvirá, 2012.

10 de junho de 2013

O Esporte na WORLD PRESS PHOTO 2013 - Caixa Cultural, RJ

O World Press Photo 2013, em exibição no Centro Cultural da Caixa, no Rio de Janeiro, reúne 154 das melhores fotografias publicadas na imprensa mundial ao longo de 2012. Entre os temas presentes, identifica-se o esporte, enquanto elemento contemporâneo e problematizador de questões culturais mais amplas, como a violência, a desigualdade social, a competição, o heroísmo, a discriminação de gênero, a religião, entre outros aspectos que podem ser apreendidos pelas imagens abaixo.



Tomás Munita, Chile [The New York Times]
Membros da gang Mara Salvatrucha-13 jogam futebol na prisão em El Salvador.


Frederik Buiyckx, Bélgica [De Standaard]
Jovens jogam futebol em favelas cariocas com UPPs.


Frederik Buiyckx, Bélgica [De Standaard]
Jovens jogam futebol em favelas cariocas com UPPs.


Daniel Rodrigues, Portugal
Jovens jogam futebol em um campo, em Guné-Bissau.


Denis Rouvre, França
Lutador de sumô Masashi Nakayama.


Sergei Ilnitsky, Rússia [European Pressphoto Agency]
Jogos Olímpicos de Londres, 2012.


Wei Zheng, China
Jogos Olímpicos de Londres, 2012.
 


Yongzhi Chu, China
Jovens atletas em aquecimento em escola para atletas, na China.


Roman Vondrous, República Tcheca [Czech Press Agency]
Fotos da corrida Velká Pardubická, uma das corridas hípicas mais difíceis do mundo.


Jan Grarup, Dinamarca [Laif]
Mulheres arriscam a vida para jogar basquete na Somália, onde grupos islâmicos radicais consideram anti-islâmico as mulheres praticarem esportes.


Jan Grarup, Dinamarca [Laif]
Mulheres arriscam a vida para jogar basquete na Somália.


Chris McGrath, Austrália [Getty Images]
Jogos Olímpicos de Londres, 2012


Chris McGrath, Austrália [Getty Images]
Jogos Olímpicos de Londres, 2012

Fu Yongjun, China, [City Express]

Fu Yongjun, China, [City Express] - detalhe.