Claudio Tozzi "A dança do futebol" Acrílica s/ tela 245x190cm 1997 |
Interpretar o esporte enquanto uma instituição social, ao lado da escola, da religião, da mídia, da família, entre outras, significa pensá-lo como elemento constituinte da identidade de uma sociedade, responsável por influenciar a construção de representações sociais que circulam numa determinada cultura.
Quando pensamos na sociedade brasileira, a presença do futebol enquanto prática esportiva hegemônica, dispensa argumentos de autoridade provenientes da literatura, que a partir de uma abordagem interdisciplinar, tem se debruçado sobre este fenômeno.
Como "paixão coletiva", no Brasil, o futebol pode ser visto como um símbolo que ancora valores culturais e representa uma dada sociedade. Murad (2012) afirma que este elemento da Cultura Corporal configura-se numa via para o entendimento do próprio país. Segundo o autor, o futebol é a modalidade esportiva mais popular do planeta, envolvendo bilhões de pessoas direta ou indiretamente, apresentando características como a imprevisibilidade, a espontaneidade, as regras universais e simples, além de seu caráter democrático, ao destacar a ação coletiva, sem excluir o brilho da iniciativa individual.
Entendendo que estudar as práticas esportivas pode ser uma forma de pensar as sociedades contemporâneas, como esse elemento da cultura é/foi apropriado pelos/as artistas no âmbito da história da arte brasileira?
Artistas modernos e contemporâneos tematizaram o futebol a partir de diferentes suportes (pintura, desenho, objeto, vídeo) e linguagens. Aqui, apresento algumas imagens de artistas contemporâneos, que a partir da década de 1960 se apropriaram do futebol para produzirem um discurso imagético acerca de diferentes temas sociais, por vezes desejando falar do próprio esporte; outras, fazendo uma crítica social mais contundente, articulando-o com temas e tempos sociais.
Se considerarmos o futebol como "uma metáfora possível de estruturas existenciais básicas, uma representação da vida social (...) síntese de uma determinada cultura e via de acesso à compreensão de seus fundamentos e de sua história" (MURAD, 2007, p. 17-18), podemos pressupor que a Arte, ao tematizá-lo, opera como via de propagação desta cultura, a partir de uma produção polissêmica que amplifica as possibilidades de interpretação desse fenômeno cultural, com vistas à apreensão dos fatos sociais.
Cildo Meireles "Campo de Jogo" 245 x 209cm 1989 |
Felipe Barbosa "Bola 3D" 2002 |
Fernando Ancil "Área de efeito sonoro" still de vídeo 2011 |
Leonilson "Das três armas [do vôlei, do futebol]" 1990 |
Luiz Paulo Rocha "Futebol a trois" |
Marina Reighantz "Oberholz" 2010 |
Nelson Lerner "Futebol" |
Raul Mourão "Campo todo fraturado" aço e resina sintética Dimensões variáveis 2010 |
Regina Silveira "Dilatável time" 1981-2001 |
Rubens Gershman "Os 99 heróis do estádio" Nanquin e guache s/ papel 50 x 65 cm 1965 |
Julio Leite "Zona de Fronteira" |
Vik Muniz "Bola murcha" 1989 |
Fontes:
MURAD, M. A violência e o futebol: dos estudos clássicos aos dias de hoje. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
MURAD, M. A violência no futebol. São Paulo: Benvirá, 2012.
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