27 de junho de 2013

Futebol e Arte Contemporânea brasileira

Claudio Tozzi
"A dança do futebol"
Acrílica s/ tela
245x190cm
1997



Interpretar o esporte enquanto uma instituição social, ao lado da escola, da religião, da mídia, da família, entre outras, significa pensá-lo como elemento constituinte da identidade de uma sociedade, responsável por influenciar a construção de representações sociais que circulam numa determinada cultura.
Quando pensamos na sociedade brasileira, a presença do futebol enquanto prática esportiva hegemônica, dispensa  argumentos de autoridade provenientes da literatura, que a partir de uma abordagem interdisciplinar,  tem se debruçado sobre este fenômeno.











Como "paixão coletiva", no Brasil, o futebol pode ser visto como um símbolo que ancora valores culturais e representa uma dada sociedade. Murad (2012) afirma que este elemento da Cultura Corporal configura-se numa via para o entendimento do próprio país. Segundo o autor, o futebol é a modalidade esportiva mais popular do planeta, envolvendo bilhões de pessoas direta ou indiretamente, apresentando características como a imprevisibilidade, a espontaneidade, as regras universais e simples, além de seu caráter democrático, ao destacar a ação coletiva, sem excluir o brilho da iniciativa individual.
 

Affonso Abrahão
"Campo"
2007

Entendendo que estudar as práticas esportivas pode ser uma forma de pensar as sociedades contemporâneas, como esse elemento da cultura é/foi apropriado pelos/as artistas no âmbito da história da arte brasileira?

Artistas modernos e contemporâneos tematizaram o futebol  a partir de diferentes suportes (pintura, desenho, objeto, vídeo) e linguagens. Aqui, apresento algumas imagens de artistas contemporâneos, que a partir da década de 1960 se apropriaram do futebol para  produzirem um discurso imagético acerca de diferentes temas sociais, por vezes desejando falar do próprio esporte; outras, fazendo uma crítica social mais contundente, articulando-o com temas e tempos sociais.

Se considerarmos o futebol como "uma metáfora possível de estruturas existenciais básicas, uma representação da vida social (...) síntese de uma determinada cultura e via de acesso à compreensão de seus fundamentos e de sua história" (MURAD, 2007, p. 17-18), podemos pressupor que a Arte, ao tematizá-lo, opera como via de propagação desta cultura, a partir de uma produção polissêmica que amplifica as possibilidades de interpretação desse fenômeno cultural, com vistas à apreensão dos fatos sociais. 



Cildo Meireles
"Campo de Jogo"
245 x 209cm
1989




Felipe Barbosa
"Bola 3D"
2002

Fernando Ancil
"Área de efeito sonoro"
still de vídeo
2011







Leonilson
"Das três armas [do vôlei, do futebol]"
1990


Luiz Paulo Rocha
"Futebol a trois"


Marina Reighantz
"Oberholz"
2010


Nelson Lerner
"Futebol"


Raul Mourão
"Campo todo fraturado"
aço e resina sintética
Dimensões variáveis
2010



Regina Silveira
"Dilatável time"
1981-2001



Rubens Gershman
"Os 99 heróis do estádio"
Nanquin e guache s/ papel
50 x 65 cm
1965

Julio Leite
"Zona de Fronteira"

Vik Muniz
"Bola murcha"
1989

Fontes:
 
MURAD, M. A violência e o futebol: dos estudos clássicos aos dias de hoje. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
MURAD, M. A violência no futebol. São Paulo: Benvirá, 2012.

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