7 de outubro de 2010

Notas sobre "Processo Criativo" III

Criadores fazem algo que inaugure uma nova linguagem e que a sua platéia vai questionar: “-Eu já vi isso?” Ícones que levaram a sua linguagem às últimas conseqüências modificaram a linguagem da área, “sacudindo” as certezas.

Uma carreira demonstra a capacidade de redefinir-se. Pode-se avaliar o impacto da obra de um artista a partir da sua capacidade de “voltar-se para o escuro”, redefinindo-se, valorizando a vulnerabilidade das novas informações na carreira.

O processo de categorização pode tornar-se um bloqueio à criação. Uma obra que resiste à nomeação/classificação prende a atenção e perturba o sistema de categorias, ficando “suspenso entre duas categorias”.

Bons artistas sabem que suas escolhas têm conseqüências. É preciso pensar na intenção e na intenção retroativa [realizada após a experimentação]. O processo criativo não funciona por exclusão de planos previamente construídos, mas por experimentação e retroalimentação. Pressupõe olhar o mundo de forma menos passiva, olhando para o óbvio e enxergando outras possibilidades.

A arte não compete com a realidade, mas deve nos fazer pensar sobre o que nos esquecemos dela.

O criador produz trabalhos que aumentam a espessura do presente pelo processo de “saturação”. Distendem o momento do agora, em detrimento de viver do passado ou projetando o futuro.

Se o artista é incapaz de se distanciar e analisar o seu trabalho, não terá capacidade para crescer e progredir. O criador sente-se confortável em se sentir aquém em algumas áreas, percebendo o quanto ainda pode se desenvolver.

O bom artista expõe seu trabalho como conseqüência do mesmo. Aquele que se esforça no processo de produzir a obra com o objetivo de expô-la, trabalha na ótica da ”finalidade” e não da “conseqüência”.

Pessoas criativas tiveram a “ingenuidade” de pensar que poderiam fazer algo que teria impacto sobre a realidade. Foram curiosas e motivadas intrinsecamente, redefinindo-se em constante processo de acumulação.

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