25 de outubro de 2017

Participação na "Mostra SEM CENSURA 2017" - NaCasa Coletivo Artístico


A exposição coletiva, que tem como tema "Mostra Sem Censura", intenta reunir imagens de obras que desestabilizem as noções estéticas pregadas pelas organizações conservadoras do país e que destaquem, dialoguem e promovam reflexões relacionados ao universo LGBTQI+, à sexualidade, entre outros, em resposta às censuras que vem acontecendo no país no âmbito artístico. A Mostra Sem Censura é um manifesto de autonomia da arte organizado pelos Espaços Artísticos Independentes de Florianópolis, que funciona como uma resposta às censuras de espaços expositivos e como uma defesa ao direito de liberdade da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. O objetivo é mostrar um panorama da arte dedicada às questões destacadas acima, que promovam reflexões sobre esses desafios e possibilitem um diálogo sobre o papel da arte e a censura de sua autonomia.

Participo da coletiva com duas obras em grande formato, produzidas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, a partir de uma investigação acerca das masculinidades nas práticas corporais, com foco nas imagens de lutadores e dançarinos.


Série Lutadores - ME FAÇA VER DE OLHOS FECHADOS
Acrílica sobre papel craft - 135x110cm - 2011 


Séries dançarinos - SEM TÍTULO
120X110cm - Acrílica sobre papel craft 2011



Serviço: Abertura no dia 25 de Outubro de 2017, às 19h, no "Nacasa Coletivo Artístico", R. José Francisco Dias Areias, nº359, Trindade, Florianópolis/SC.

22 de agosto de 2017

Participação na "paralela EIXO" 2017 - lançamento na Fábrica Bhering




Com lançamento em 16 de setembro, na Fábrica BHERING, no Rio de Janeiro, estarei participando da "paralela EIXO" 2017, com um grupo de doze artistas que tiveram seus portifólios selecionados, com organização da EIXO ARTE.

Especificamente para esta exposição, apresento duas pinturas em acrílica sobre tela, em grande formato, da série "blocos".























6 de julho de 2017

Exposição no Acervo do Gabinete k2o - Brasília/DF



Seguem algumas imagens de montagem feita para exposição no acervo do Gabinete de Arte k2o, galeria de arte localizada em Brasília/DF, com direção de Karla Osório.



O Gabinete de Arte k2o reúne algumas obras da investigação sobre a série de desenhos em guache - "Blocos" - de colagens e pinturas em pequenos formatos da série "Locus", além de outras obras que abordam a arquitetura, o espaço, o sujeito e o silêncio.



Todas as obras fazem parte de um conjunto exposto na individual "Não-Lugares", com curadoria de Jozias Benedicto, no Rio de Janeiro, em 2016. 


10 de maio de 2017

Fotografia e Artes Plásticas: Histórias e Interações - Parte 2 - Ateliê da Imagem/RJ

Em continuação ao post anterior, aqui apresento anotações da segunda metade do curso ministrado pelo artista e professor Marcos Bonisson, no Ateliê da Imagem, no Rio de Janeiro.

Aula 5 - 5 abril 2017. (anos 1960/70)
A época compreendida pelas décadas de 1960/70 trouxe consigo a crise sobre os suportes - pintura, escultura, fotografia, vídeo, performance, objeto, convocando a se pensar a Arte como linguagem e um campo de experimentação em expansão. No contexto do Movimento da Contra Cultura que se inicia nos Estados Unidos, durante a Guerra do Vietnã; e o Movimento de Maio de 1968, em Paris; algumas descobertas se tornaram relevantes, como a pílula anticoncepcional, a chegada à Lua e o movimento feminista. Todas essas mudanças sociais e políticas geraram um impulso criativo em todas as faces da Arte: Música, Literatura, Teatro, Cinema, Artes Visuais... No Brasil, o contexto da Ditadura Militar desencadeou uma produção artística densa, com artistas como H. Oiticica, A. Barrio, L. Pape, L. Clarck, A. Dias, G. Rodrigues, F. Gullar, Ivan Serpa, entre outros artistas que originaram movimentos como a "Nova Objetividade", o "Concretismo", o "Neoconretismo", o "Cinema Novo". - Dica de filme: "Sociedade do Espetáculo", do diretor: Guy Debord - LinkSociedade do Espetáculo
Neste contexto, para A. Danto, a Arte Contemporânea é produzida sem a existência de uma "narrativa mestra". Contemporâneo como um período de "desordem informativa", mas de grande "liberdade estética" [1], o que pôde ser constatado no conjunto da obra de alguns artistas, sobretudo baseados em Nova Iorque, conforme enumeraremos a seguir.

  • Andy Warhol, artista norte-americano, produziu uma obra que questionava a sociedade de consumo e as grandes celebridades, reproduzindo-as serigraficamente. Entre suas obras, visualizamos "Brillo Box (1964), "Campbell´s Soap", algums obras da série "Disasters", imagens de serigrafias de "Marlyn Monroe", assim como seu cinema experimentais, p. ex, com o filme "Empire".
  • Link: "Sleep" (1963): Sleep (1963)
  • Ed Ruscha foi pioneiro em produzir "livros de artista" com tiragem limitada. Produziu fotografias de postos de gasolina norte-americanos, à noite, assim como casas da Sunset Boulevard, que se tornaram pinturas de grande escala, feitas com projeção.
  • Yves Klein foi um artista que utilizou vários meios, incluindo a fotografia, como em "Salto no Vazio". Sua obra clássica é a performance com música, mulheres modelos nuas e tinta, que gerou as "Antorpometrias". Criou o azul que patenteou como "IKB".
  • Link: Yves Klein - Antropometrias: Anthropométrie de l'époque bleue (1960)
  • Joseph Beuys (1921-1986) foi um artista que não reconhecia a performance como tal, denominando-a de "ação". Entre as obras observadas, vimos "Como explicar pintura a uma lebre morta" (1965) e "I like America and America likes me" (1974).
  • Link: I like America and America likes me: I like America and America likes me
  • Robert Smithson foi um dos percursores da "Land Art", com sua "Spiral Jetty" (1970), realizada em Great Salt Lake, Utah, uma espiral de pedras sobre um lago, com cerca de 500 metros de extensão por 5 metros de largura, por onde passava um caminhão para despesar as pedras.
  • Link do filme: Spiral Jetty de R. Smithson 
  • Walter de Maria é outro representante dos artistas da "Land Art" com obras icônicas, como "Duas linhas paralelas no deserto de Mojave" (1968) e "Lighting Field" (1971-1977), realizada no deserto do Novo México.
  • Link do filme:  "Land Art: Celebrating the work of Michael Heizer, Robert Smithson and Walter De Maria" - Land Art: M. Heizer, R. Smithson e W De Maria
  • Christo e J. Claude foram um casal que produziu grandes instalações em monumentos e espaços naturais, como "Pont Neuf", em Paris (1985), "Wrapped Reichstag", em Berlim (1995), "Running Fence" (1975), na California, e Surrounded Islands" (1983), em Biscayne Bay, Miami.
  • Link do filme "Christo and Jean Claude": Christo and Jean Claude - Abu Dhabi Institute
  • Bruce Nauman produziu diversas performances, como "O artista como fonte" (196-), registrada em fotografia; assim como "Mapping the studio" (2002).
  • Gordon Matta Clark apresentou um trabalho engajado social e politicamente, indo contra o sistema e denominando o que chamou de "anarquitetura". Faleceu jovem, aos 35 anos e produziu uma grande obra. Foi convidade para a Bienal de São Paulo durante a Ditadura Militar e declinou, incitando os artistas a não participarem daquela edição.
  • Link: Splitting (1974) - Splitting
  • Chris Burden produziu várias performances e comercializava "relíquias" do trabalho. Em suas performances, desafiava os limites do corpo. Visualizamos algumas obras como "SHOOT", em que é fotografando atirando em aviões que decolavam, "Transfiz", em que é crucificado em um Fusca, e "Bean-drop" e "Sanson", expostos no Inhotim, Minas Gerais.
  • Ana Mendieta, artista cubana (1948-1985), foi casada com Carl Andre e produziu fotografias em que usava o próprio corpo como suporte. 
[1] DANTO, A. C. Após o fim da arte: a arte contemporânea e os limites da história. Trad. de Saulo Krieger, Posfácio à edição brasileira de Virgínia H. A. Aita. São Paulo: Odysseus, 2006. 292p.


Aula 6 - 12 abril 2017.
Nesta aula, abordou-se o Inhotim, museu de arte contemporânea localizado em Brumadinho, Minas Gerais. Considerado um dos dez museus de arte contemporânea mais importantes do mundo, Inhotim apresenta pavilhões para abrigar conjuntos de obras de cada artista, além de galerias. Em seus jardins projetados por Burle Max, encontramos diversos artistas que trabalham com a fotografia, como Miguel do Rio Branco, ou que utilizam a fotografia em sua obra, como Hélio Oiticica, em suas Cosmococas. Para melhor visualização do que representa esta instituição em termos de beleza, coleção de arte e tamanho, disponibilizamos abaixo um breve vídeo.

Link com vídeo panorâmico sobre Inhotim: Inhotim, Brumadinho, MG

Aula 7 - 19 de abril 2017
Esta aula reservou espaço para dois movimentos artísticos que se apropriaram da fotografia como um elemento presente na produção de suas obras: o Dadaísmo e o Surrealismo. Tanto o Dadaísmo quanto o Surrealismo foram movimentos de vanguarda do início do século XX, com origem na literatura. 

O primeiro movimento surgiu na Suíça, em Zurique, tendo o Cabaré Voltaire como local de reunião de seus integrantes, como os poetas Hugo Ball e Tristan Tzara. O Dadaísmo protestava contra a I Guerra Mundial (1914-1918). O movimento chegou até Paris e se tornou vanguarda, fazendo apropriações e por sua ação transgressora que contestava as convenções da Arte. Alguns dadaístas residentes em Nova Iorque foram Man Ray e Marcel Duchamp, com seu "Nu descendo a escada" (1912), que recebeu influências do Cubismo e do Futurismo; além da obra "O Grande Vidro" (1915-1923); "A Fonte" (1917) e L.H.O.O.Q. (1919). Man Ray produziu obras que retiravam a função original do objeto, com apropriações, para que se torne uma obra de contemplação estética, como seu ferro de passar roupa com pregos. Kurt Schwitters criou o "Merzbau", uma colagem feita no ateliê do artista entre 1924-1937. Em Berlim, o Dadaísmo se manifestou contra o regime nazista, com artistas como Hannah Höch, em Berlim, utiliza a foto montagem. John Heartfield também utiliza a foto colagem em obras como "Milhões que suportam" (1933) ou "Goring, o carrasco" (1933), nas quais satiriza o regime nazista e suas principais figuras. Raoul Hausmann produziu a "Cabeça mecânica", o espírito de nossa época (1920). Lissitzky produziu "O construtor" (1924).


O movimento perde força em 1924, com a publicação do Manifesto Surrealista, tendo como fundador, Andre Breton, que escreveu o 1º e o 2º Manifesto Surrealista, em 1924 e 1929; além de escrever os livros "Nadja" (1928) e "Vasos Comunicantes" (1932). O Surrealismo efetuou uma combinação do representativo, do irreal, da abstração e do inconsciente, libertando-se da lógica e da razão. O objetivo final era expressar o mundo do inconsciente. Entre os artistas surrealistas, destaca-se, primeiramente, Salvador Dalí, com duas obras clássicas: "A persistência da memória" (1931) e "A tentação de Santo Antônio" (1946). Outro artista relevante do movimento é Georgio De Chirico, com suas obras "Canção de Amor" (1914) e Mistério e Melancolia de uma rua" (1915). Max Ernst produziu obras polêmicas, como "A Virgem espancando o menino Jesus vigiada por três testemunhas" (1926), a saber: Andre Breton, Paul Eluard e Max Ernst. René Magrite é outro expoente do movimento, com obras emblemáticas: "Os amantes" (1928), "Tentando o impossível", "A traição das imagens" (1929), "Golconda (1953) e "A condição humana" (1935). Picabia apresentou uma paleta de cores pop - antes da Pop acontecer - em obras como "Cinco Mulheres" (1941-1943). Hans Belmer produziu bonecas anamórficas e fotografias. M. C. Escher foi outro artista do movimento surrealista, com suas escadas infinitas e efeitos visuais em suas obras. Philippe Haussman produz a fotografia "Dalí Atômico" (1948), uma foto-montagem.


No Brasil, Tarsila do Amaral foi influenciada pelo movimento do Surrealismo, dada suas viagens frequentes até a Europa e o convívio com alguns desses artistas. A pintora produziu obras icônicas, como "O Abaporu" (Malba/Buenos Aires) e "Ovo-Urutu" (MAM-RJ). Participou do Manifesto Antropofágico, onde o desenho do Abaporu foi publicado. Além dela, Maria Martins foi influenciada pelos surrealistas de Nova Iorque, produzindo a obra "O impossível III" (1948), hoje no acervo do MoMA. Jorge de Lima foi pioneiro nas foto-colagens entre 1930-40, como representante do movimento surrealista no Brasil. Publicou o livro "A pintura em pânico" (1943) e como poeta escreveu "O Grande Circo Místico". Athos Bulcão também produziu foto-colagens surrealistas. Fernando Mendes, em São Paulo, também produziu obras no contexto do movimento (1926).


Entre os fotógrafos franceses e norte-americanos que produziram obras surrealistas, destacam-se Eugène Atget (1857-1927), Henri Cartier Bresson (1908-2004), Brassai (1889-1984), com seu livro "Paris de nuit" (1933); Duane Michals (1932-), Ralph Gibson (1939-) e Jerry Uelsman (1934-).


Ao fim de nosso penúltimo encontro, assistimos a filmes - curtas - surrealistas de Hans Richter "Rhytmus 21" - Link: Rhytmus 21, de Maya Deren "At Land" (1944) - Link: AT LAND .

Aula 8 - 26 de abril 2017 
"DA ADVERSIDADE VIVEMOS". A partir desta frase, escrita por Hélio Oiticica no final do texto "Esquema Geral da Nova Objetividade" [1], escrito em 1967, que fizemos a discussão da última aula. Se no contexto da década de 1960, durante a ditadura militar, artistas visuais produziram uma tendência com ideias de vanguarda, movidos pelo inconformismo com o cenário social, político e ético, utilizando a obra de arte para "comunicar" de forma propositiva à grande massa; como nós, hoje, diante da adversidade, produzimos arte contemporânea? Guardadas as devidas diferenças e tempos históricos, o artista, enquanto ser criativo, sempre produzirá a partir da adversidade, uma marca da vida em sociedade. Cabe refletirmos como cada um lida com as adversidades em prol de sua produção artística.


Notas sobre o "Esquema Geral da Nova Objetividade", H. Oiticica, 1967.

O texto de Oiticica indica algumas características do que denominou a "Nova Objetividade", um movimento de vanguarda, convidado a produzir e comunicar de acordo com os seis pontos abaixo, a partir de uma arte que combatesse o conformismo com a situação política, econômica e ética da época:
  1. Uma "vontade construtiva", que defendia a valorização de características latentes da cultura brasileira, tal qual gerou o movimento antropofágico.
  2. Uma "tendência ao objeto", através da negação do cavalete, destacando a chegada do objeto em 1954, estando presente na Arte Concreta e Neoconcreta, por exemplo, nas obras de um primeiro grupo de artistas, como L. Clark, Ferreira Gullar, Hélio Oiticica, Antônio Dias, Rubens Gerchman, Pedro Escoteguy, Waldemar Cordeiro; e um segundo grupo, representado por Glauco Rodrigues, Zílio, Roberto Magalhães, Carlos Vergara, Ivan Serpa , Willys de Castro e Wesley Duke Lee.
  3. Uma "participação do espectador" em oposição à ideia de contemplação transcendental da obra, na direção de uma participação por "manipulação" ou "sensorial", como nas obras propostas por L. Clark; além da participação "semântica", com os poemas-objetos de F. Gullar.
  4. Uma "tomada de posição" sobre os problemas políticos, sociais e éticos do país e do mundo, uma questão do campo criativo na década de 1960. Era necessário superar a abordagem "esteticista" da arte por outra, "engajada". O artista é um "intelectual" que deve participar de sua época.
  5. Uma "tendência à Arte Coletiva", através de atividades criativas propostas ao público e da possibilidade de pôr as produções individuais em contato com o público, o que remete à participação do espectador de forma relacional.
  6. O problema da "anti-arte", quando a necessidade maior deixa de ser "criar" para "comunicar" em grande escala, ou seja, o artista passa a ser um proposicionista, um educador.
[1] OITICICA, H. Esquema geral da Nova Objetividade. In.: FERREIRA, G; COTRIM, C. Escritos de artistas: 60/70. Rio de Janeiro, Zahar, 2006. p. 154-168.

7 de maio de 2017

PROJETO CÁPSULAS - Desenho, Desígnio, Desejo (2013-2016), curadoria: Ivair Reinaldim

PROJETO CÁPSULAS: Desenho, Desígnio, Desejo (2013-2016) - É com alegria que divulgo o lançamento do Projeto Cápsulas, do qual participo e possui curadoria de Ivair Reinaldim. Realizado entre 2013-2016 e agora disponibilizado ao público amante das artes contemporâneas, apresentamos um release do projeto, escrito pela curador, assim como a lista dos 13 artistas participantes e seus currículos resumidos. As Cápsulas estão sendo comercializadas pela Galeria Jaime Vilasseca e têm tiragem de 15 exemplares apenas, sendo 13 disponibilizadas à venda.
 Abç. Fabiano Devide.

Tendo a noção de reprodutibilidade técnica como matriz conceitual, este projeto parte de algumas premissas. Cada edição compreende a seleção de artistas e a definição de uma temática específica. A partir do apport curatorial, artistas concebem obras múltiplas, com tiragem limitada, idealizadas e produzidas especialmente para a proposta. Desse modo, toda Cápsula torna-se um local – opção tática frente aos espaços expositivos convencionais das galerias e instituições museológicas –, mas também um lugar – índice material e subjetivo de relações colaborativas desenvolvidas durante seu planejamento. Literalmente, configura-se como cápsula do (espaço-)tempo: invólucro concebido para
armazenar objetos, imagens, informações e experiências, com o objetivo de preservá-los enquanto testemunho histórico de um momento e/ou época. Como recipiente móvel e manipulável, capaz de conter e transportar objetos de arte, aproxima-se intimamente da Boîte-en-Valise (1936-41) de Marcel
Duchamp, espécie de museu portátil, idealizado a partir dos antigos gabinetes de curiosidades e das caixas surrealistas. Contudo, uma vez que a Boîte de Duchamp caracteriza-se como projeto pessoal retrospectivo, incorporando reproduções em menor escala e em diferentes suportes das obras anteriormente produzidas por um único artista, as Fluxus Yearboxes ou Fluxkits – concebidas a partir de 1962 por Georges Maciunas como compilações anuais de obras Fluxus – guardariam maior proximidade com o projeto Cápsulas, justamente por constituírem-se pela reunião de objetos heterogêneos, em forma e conteúdo, serializados mediante o uso de materiais e processos diversos, produzidos por um número variável de artistas. Em última instância, trata-se de um programa livremente inspirado no projeto S.M.S., acrônimo de Shit Must Stop (1968-1969), do pintor e poeta norteamericano William N. Copley. O intuito de Copley naquele momento era estabelecer uma estratégia colaboracionista que escapasse dos mecanismos convencionais do sistema de arte, inspirando-se em ações e proposições da Mail Art. Com o artista Dmitri Petrov fundou em 1967 a Letter Edged in Black Press, vindo a publicar 6 diferentes portfólios do projeto S.M.S., o que contabilizaria 73 múltiplos de importantes artistas. Atualmente, SMS ganha novas significações ao
tornar-se igualmente a sigla corrente para Short Message System, desdobrandos e em reflexão metafórica tanto sobre o estatuto da comunicação na era da reprodutibilidade técnica quanto a respeito dos mecanismos de circulação de informação e imagens no mundo contemporâneo.

Desenho, Desígnio, Desejo
Projeto Cápsulas
Durante aproximadamente dezoito meses, os 13 artistas que participam da 1a edição do Projeto Cápsulas desenvolveram suas proposições, a partir da provocação inicial que intitula a proposta: Desenho, Desígnio, Desejo. Na época, todos integravam um grupo de estudos e acompanhamento de projetos, o que veio a constituir-se como o critério que convencionalmente os reuniu. A partir de encontros semanais, leitura e debate de textos, orientações conceituais, cada artista apresentou e desenvolveu um trabalho que tivesse afinidade com a proposta, mas também com sua investigação pessoal, e que em premissa pudesse ser serializado. Os três termos que batizam essa Cápsula são compreendidos aqui como intimamente relacionados, uma vez que a noção mais profunda de Desenho guarda em si vínculo explícito com a de Desígnio e implícito com a de Desejo. Essas três instâncias, juntas, ao mesmo tempo que constituíram uma concreta possibilidade de experimentação de novos materiais e processos, frente ao pedido/desafio de criação de um objeto específico e multiplicável, estimularam a reflexão a respeito dos processos poéticos individuais dos artistas participantes. Estes têm em comum a ousadia de participar de um projeto, cujas linhas conceituais só foram delimitadas com precisão durante sua própria realização. Desenho é projeto; Desígnio é intencionalidade; Desejo é motor.
Ivair Reinaldim Rio de Janeiro, 2013/2016.

Projeto Cápsulas
Desenho, Desígnio, Desejo
Cápsula - 1a edição
Desenho, Desígnio, Desejo
25x35x8cm
15 exemplares
Concepção, Produção, Texto e Diagramação: Ivair Reinaldim
Fotografias: Luane Aires
Agradecimentos: Jaime Portas Vilaseca

ARTISTAS PARTICIPANTES

Ao Leo (Rio de Janeiro-RJ, 1983)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Mestrando em Linguagens Visuais pelo PPGAV-UFRJ. Licenciado em Artes pela Uerj. Programa Aprofundamento da EAV/Parque Lage. Individuais: Regresso (CCJF, Rio de Janeiro, 2016), Lugar Sem Nome (Galeria Imago, São Paulo, 2015), Meus Olhos em Suas Mãos São Espelhos (Memorial da Paz, Vitória, 2013), Sou o Espaço Onde Estou (Casa das Onze Janelas, Belém, 2013), A Ordem Complexa (Galeria Progetti, Rio de Janeiro, 2012). Coletivas: From the Margin to the Edge (Somerset House, Londres, 2012), Abre-Alas 8 (A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2012), Novíssimos 2011 (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2011), Bienal Siarte (La Paz, 2011), Entre]vistas[ (EAV, Rio de Janeiro, 2010). Prêmios/residências: Prêmio Energisa (2011), II Prêmio Belvedere (2011), Interações Florestais (2011).

Bianca Bernardo (Rio de Janeiro-RJ, 1982)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Gestora do espaço Saracura, Rio de Janeiro. Mestre em Processos Artísticos Contemporâneos e Bacharel em Artes Visuais pelo Iartes-Uerj. Individuais: Terra Fabricada (Galeria do Ibeu, 2012), Giro (Residencia El Levante, Rosario/Argentina, 2008), A Fábrica do Sensível (Galeria do Iartes/Uerj, 2008). Coletivas: 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco – prêmio (MAMAM, Recife, 2012), Novíssimos 2011 – prêmio (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2011), Bienal Siarte (La Paz, 2011), 12º Salão Nacional de Artes de Itajaí (Itajaí, 2010), Abre-Alas 5 (A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2009), Chave Mestra – prêmio (Rio de Janeiro, 2007). Residências: LARGO (Lisboa/Portugal, 2012).

Carolina Martinez (Rio de Janeiro-RJ, 1985)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela PUC-Rio. Frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Individuais: Aquilo que Não Conseguia Ver (Portas Vilaseca Galeria, 2016), Work in Progress: No Lugar do Ar (Galeria Emma Thomas, São Paulo, 2013), Às Avessas (Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, 2013). Coletivas: O Muro: Rever o Rumo (Central Galeria, São Paulo, 2015), Seeing Thru Abstraction (Residency Unlimited, New York, 2015), A Questão do Espaço na Arte (EAV-Parque Lage, Rio de Janeiro, 2014), Novíssimos 2013 (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2013), Somatório Singular (Galeria Murilo Castro, Belo Horizonte, 2012), Programa de Exposições (Museu de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2012), 35° Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, 2010). Maiores informações:
http://www.carolinamartinez.com.br /http://www.portasvilaseca.com.br/artista/84/Carolina%20
Martinez

Douglas Cortes (Rio de Janeiro-RJ, 1986)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Especialista em Ensino da Arte pela Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro. Licenciado em Artes Plásticas pelo Iartes-Uerj. Frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Atua também como arte-educador. Coletivas: The Global Boom: Global Creative Action (Vitória, 2011), 7ª Bienal da UNE (Galeria do Lago, Museu da República, Rio de Janeiro, 2011), Novíssimos 2010 (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2010), Formação 09 (Galeria Gustavo Schnoor/Uerj, Rio de Janeiro, 2010).

Elisa Castro (Rio de Janeiro-RJ, 1982)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Licenciada em Artes pelo Iartes-Uerj. Frequentou cursos na Escola de Artes Visuais/ Parque Lage. Individuais: Eu Quero Você (Galeria do Lago, Rio de Janeiro, 2012), O Sol e a Dúvida (Galeria Progetti, Rio de Janeiro, 2011). Coletivas: Novas Aquisições – Col. Gilberto Chateaubriand (MAM, Rio de Janeiro, 2012), 43º Salão de Arte de Piracicaba (Piracicaba, 2011), 29º Arte Pará (Belém, 2010), Novíssimos 2010 (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2010), Bienal Siarte (La Paz, 2009), 7ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2009), Ateliê Vila S. Longuinhos (Museu Murillo La Greca, Recife, 2009), Abre-Alas 5 (A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2009). Maiores informações: http://elisacastroblog.blogspot.com.br

Eloá Carvalho (Niterói-RJ, 1980)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Bacharel em Pintura pela EBA-UFRJ. Frequentou cursos na Fundação Eva Klabin e na EAV/Parque Lage. Individuais: Todo Ideal Nasce Vago (MAM-RJ, Rio de Janeiro, 2016), Diante de Outro Branco (C Galeria, Rio de Janeiro, 2015), Projetos da Minha Espera (Galeria Zipper, São Paulo, 2015), Como Se os Olhos Não Servissem Para Ver (Galeria do Lago, Rio de Janeiro, 2015), Mise-en-Scène (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2013). Coletivas: Quero Que Você Me Aqueça Nesse Inverno (Centro Cultural Elefante, Brasília, 2016), Ver e Ser Visto (MAM-RJ, Rio de Janeiro, 2015), Figura Humana (Caixa Cultural, Rio de Janeiro, 2014), Novas Aquisições – Col. Gilberto Chateaubriand (MAM-RJ, Rio de Janeiro, 2014), Como Se Não Houvesse Espera (CCJF, Rio de Janeiro, 2014), XI Bienal do Recôncavo Baiano (São Félix, 2012), 43º Salão de Arte de Piracicaba (Piracicaba, 2011), 39o Salão de Arte Luiz Sacilotto (Santo André, 2011), Como o Tempo Passa Quando a Gente Se Diverte (Galeria Casa Triângulo, São Paulo, 2011), Novíssimos 2010 (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2010). Maiores informações: http://eloacarvalho.blogspot.com.br / http://www.cgaleria.com/artista/eloa-carvalho/

Fabiano Devide (Florianópolis-SC, 1974)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Doutor em Educação Física e Cultura e professor da UFF. Frequenta cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e no Ateliê da Imagem. Individuais: Não Lugares (Galeria do Canto da Carambola, Rio de Janeiro, 2016), Híbridos (Galeria Café, Rio de Janeiro, 2011). Coletivas: Aura Ocupa 1# (Galeria Sala Branca, Porto Alegre, 2015), Mais Pintura (Escola de Artes Visuais/Parque Lage, Rio de Janeiro, 2014), Mais Pintura (Espaço Cultural Contemporâneo ECCO, Brasília, 2014), Como Refazer o Mundo (Galeria Luiz Fernando Landeiro, Salvador, 2014), 12° Salão de Arte de Jataí (MAC, Jataí, 2013), Novíssimos 2012 (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2012), 18° Salão Unama de Pequenos Formatos (Galeria de Arte Graça Landeira, Belém, 2012), Experiência Pintura (EAV, Rio de Janeiro, 2012), Coletiva Caza Arte Contemporânea (Café Baroni, Rio de Janeiro, 2012), Afinidades: A Escolha do Artista (Caza Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, 2012). Maiores informações: http://fabianodevide.blogspot.com https://www.aura.art.br/artistas/fabiano-pries-devide / http://www.gabinetedeartek2o.com/pt/fabiano-devide/

Luane Aires (Rio de Janeiro-RJ, 1984)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Pós-Graduação lato sensu Arte e Cultura pela UCAM e Bacharel em Artes Plásticas pelo Iartes-Uerj. Frequentou cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Coletivas: Como Se Não Houvesse Espera (CCJF, Rio de Janeiro, 2014), As Imagens Estão nos Olhos, as Vozes Esperam (Galeria Lunara, Porto Alegre, 2013), I Salão de Outono da América Latina (Galeria L’oeil Aliança Francesa, São Paulo, 2013), Novíssimos 2012 (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2012), Vênus Terra – convocatória (Galpão TAC, Rio de Janeiro, 2012), Cor de Rosa Choque (CEDIM, Rio de Janeiro, 2011), Zona Oculta (Sesc, Nova Iguaçu, e CCJF, Rio de Janeiro, 2011).

Maria Mattos (Rio de Janeiro-RJ, 1968)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Frequentou cursos em Nova York e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Individual: E Se a Gente Subir na Laje? (Sala José Candido de Carvalho, Niterói, 2009). Coletivas: Como Se Não Houvesse Espera (CCJF, Rio de Janeiro, 2015), Toybox at TROVE (Birmingham/Inglaterra, 2012), 48º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco – prêmio (Recife, 2012), Mostra Comemorativa 20 Anos do MARP (Ribeirão Preto, 2009), Abre-Alas 8 (Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2012), 36° Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto – prêmio (Ribeirão Preto, 2011), 62º Salão de Abril (Fortaleza, 2011), 29º Arte Pará – prêmio (Belém, 2010), Novíssimos 2010 (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2010). Maiores informações: http://mariamattosblog.blogspot.com.br

Patrizia D’Angello (São Paulo, 1975)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Bacharel em Artes Cênicas pela Unirio. Frequentou cursos na EAV/Parque Lage. Individuais: Kitinete (Ateliê da Imagem, Rio de Janeiro, 2016), Assim é Se Lhe Parece/Casa, Comida e Roupa Lavada (CCJF, Rio de Janeiro, 2016), No Embalo das Minhas Paixões (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2012), Banquete Babilônia (Galeria Amarelonegro, Rio de Janeiro, 2011). Coletivas: Attentif Ensemble, Jour et Nuit Culture (Paris, 2015), Como Se Não Houvesse Espera (CCJF, Rio de Janeiro, 2014), Conversa de Artista (Galeria Amarelonegro, Rio de Janeiro, 2011), Zona Oculta (CCJF, Rio de Janeiro, 2011), Só para Loucos Só para Raros (Galeria Jaqueline
martins, São Paulo, 2011), XIII Salão Municipal de Artes Plásticas de João Pessoa (Casarão 34, João Pessoa, 2010), Novíssimos 2010 (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2010). Maiores informações: www.patriziadangello.com

Raul Leal (Miracema-RJ, 1975)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Frequentou cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Individuais: Nada Acabará, Nada Ainda Começou (Galeria do Lago e Centro da Música Carioca, Rio de Janeiro, 2015/2016), Ilhas (CCJF, Rio de Janeiro, 2015), Imagens de um Mundo em Suspensão (Arquivo Contemporâneo, Rio de Janeiro, 2013), Um Lugar Provisoriamente Habitado (Galeria Amarelonegro, Rio de Janeiro, 2011), Contraimagem (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2009). Coletivas: Quero que Você Me Aqueça Nesse Inverno (Centro Cultural Elefante, Brasília, 2016), Experiência n. 5 e 6 (A Mesa, Rio de Janeiro, 2015), Como Se Não Houvesse Espera (CCJF, Rio de Janeiro, 2015), 63º Salão de Abril (Fortaleza, 2012), 40o Salão de Arte Luiz Sacilotto (Santo André, 2012), 10o Salão de Artes Visuais – menção honrosa (Guarulhos, 2010), 35° Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, 2010), Novas Aquisições – Col. Gilberto Chateaubriand (MAM, Rio de Janeiro, 2010), Novíssimos – prêmio (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2008). Maiores informações: https://www.aura.art.br/artistas/65971c-91-e9c1-47d2-934d-0c58f5bcb44c

Rebeca Rasel (Rio de Janeiro-RJ, 1980)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Mestre em Processos Artísticos Contemporâneos e Bacharel em Artes pelo Iartes-Uerj. Participou do Programa Aprofundamento e frequentou cursos na EAV/Parque Lage. Individuais: Lugar (Galeria do Iartes/Uerj, 2008). Coletivas: Como Se Não Houvesse Espera (CCJF, Rio de Janeiro, 2014), As Imagens Estão nos Olhos, as Vozes Esperam (Galeria Lunara, Porto Alegre, 2013), Como o Tempo Passa Quando a Gente se Diverte (Galeria Casa Triângulo, São Paulo, 2011), 17° Salão Unama de Pequenos Formatos (Galeria de Arte Graça Landeira, Belém, 2011), 39o
Salão de Arte Luiz Sacilotto (Santo André, 2011), Entre] vistas[ (EAV, Rio de Janeiro, 2010), 12º Salão de Itajaí (Itajaí, 2010).

Viviane Teixeira (Rio de Janeiro-RJ, 1976)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Bacharel em Pintura pela EBA-UFRJ. Frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais/Parque Lage. Individuais: The Queen Seated Inside Her Castle – A Sala
do Trono (Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2016), The Queen Seated Inside Her Castle – A Rainha Suplente, Capítulo II (Centro Cultural São Paulo, São Paulo, 2015). Coletivas: Como Se Não Houvesse Espera (CCJF, Rio de Janeiro, 2014),18° Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc Videobrasil (São Paulo, 2013/2014), 4° Salão dos Artistas Sem Galeria (Zipper Galeria, Casa da Xiclet, São Paulo, 2013), 36° Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, 2011), 17° Salão Unama de Pequenos Formatos (Galeria de Arte Graça Landeira, Belém, 2011), Abre-Alas 5 (Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2009), Universidarte XIV (Museu da República, Rio de Janeiro, 2007), Novíssimos 2007 (Galeria do Ibeu, Rio de Janeiro, 2007). Maiores informações: http://vivianeteixeirablog.blogspot.com.br / https://www.aura.art.br/artistas/viviane-teixeira

Ivair Reinaldim
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Doutor em Artes Visuais, com ênfase em História e Crítica da Arte pela EBA-UFRJ, tendo realizado Estágio PDEE junto à École Doctorale Arts plastiques, esthétiques & sciences de l'art na Université Paris 1 - Panthéon Sorbonne. Sua tese “Arte e crítica de arte na década de 1980: vínculos possíveis entre o debate teórico internacional e os discursos críticos no Brasil” recebeu o Prêmio Gilberto Velho de Teses da UFRJ, em 2013. É professor da Escola de Belas Artes e do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ. É editor da revista Arte&Ensaios. Foi membro da Comissão Curatorial da Galeria de Arte Ibeu (2009-2013) e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2009-2014). Entre suas curadorias, destacam-se: Paquetá Experimenta Arte Contemporânea (ilha de Paquetá, com patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro, 2016), Diante dos Olhos, os Gestos - Regina de Paula (Paço Imperial, 2016), exposição e seminário 80+30 – Década de 80 no Nordeste, com Daniela Name e Marcelo Campos (Galeria do Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza, 2015), Paisagens Possíveis (Centro Cultural da UFF, Niterói, 2015), Como Se Não Houvesse Espera (CCJF, Rio de Janeiro, 2014), Experiência/Referência (Portas Vilaseca Galeria, Rio de Janeiro, 2012), Bill Lundberg (Oi Futuro, Rio de Janeiro, 2012), ]entre[(Galeria de Arte Ibeu, Rio de Janeiro, 2010), além de acompanhamento e curadoria de exposições individuais de diversos artistas (Bruno Miguel, Gisele Camargo, Leila Danziger, Bianca Bernardo, Daniela Seixas, Patrícia D’Angello, Jimson Vilela, Mayana Redin, Leo Ayres, Eloá Carvalho, Claudia Tavares, Cristina Pape, Sonia Távora, Carolina Martinez, Viviane Teixeira, Claudia Hersz, entre outros). Projeto Cápsulas é uma idealização de Ivair Reinaldim.

Os múltiplos pertencem à Cápsula e não podem ser dela separados. Todos os direitos reservados.
Vendas e maiores informações: Av. Ataulfo de Paiva 1079 loja 109 subsolo - funcionamento | segunda a sexta, de 11h às 19h | sábado, de 11:00 às 14:00 - contato | tel 2274-5965 | contato@portasvilaseca.com.br

30 de abril de 2017

Fotografia e Artes Plásticas: Histórias e Interações - Parte 1 - Ateliê da Imagem/RJ

Durante o mês de abril e maio de 2017, me inscrevi no curso "Fotografia e Artes Plásticas: Histórias e Interações", ministrado pelo professor e artista Marcos Bonisson, no Ateliê da Imagem, no Rio de Janeiro. A intenção inicial que me levou ao novo espaço, onde ainda não havia feito cursos, foi a presença da fotografia em meu processo criativo com a pintura e o reconhecimento da obra de M. Bonisson em fotografia, a qual aprecio.

Neste post, então, apresento algumas "notas" pessoais que fiz a partir da primeira metade do curso (quatro aulas), quando fizemos algumas leituras e visualizamos imagens apresentadas e discutidas no curso. Ressalto que esta anotações são pessoais e por essa razão, possuem um caráter individual e não de sentido literal sobre o conteúdo do curso, ainda que todas estejam relacionadas ao mesmo.

Aula 1 - 8 de março de 2017

Iniciamos com uma apresentação da fotografia como linguagem semiótica, produtora de signos e significados. Susan Sontag a interpreta, entre outras formas, como uma "narrativa". No final do século XX, a fotografia começa a se legitimar como um meio próprio, com suas técnicas, equipamentos e princípios. Na História da Arte, muitos se apropriaram da fotografia, como por exemplo, os dadaístas, os surrealistas e mais recentemente, a Pop Art.

Na pós-modernidade, se faz necessário questionar os cânones e classificações da História da Arte, ideia difundida por A. Danto em sua obra "Após o Fim da Arte"[1], pois não temos mais como classificar ou nomear os movimentos desta História de forma linear, com fronteiras entre eles. É possível identificarmos uma "hibridização" da História da Arte a partir da década de 50 do século passado, e com mais contundência na década de 1960, quando rupturas ocorrem com movimentos sociais na Europa e nos Estados Unidos, e os meios se diluem: pintura, performance, vídeo, fotografia, escultura, instalação etc. passam a ser campos fluídos, os quais o quadro sinótico da História da Arte não consegue mais nomear. Poderíamos apontar a "Nova Objetividade" [2] como uma ruptura importante a ser mencionada como vanguarda da Arte Brasileira neste momento.

A Arte passa a ser um campo de contemplação estética com as esculturas gregas, p. ex., Vênus de Milo. No Renascimento "italiano" Leonardo da Vinci, Donatello, Rafael Sanzio e Michelangelo trabalhavam para a igreja católica no período denominado teocêntrico. Quando o humano "comum" passa a protagonizar as pinturas sem o sentido religioso, passamos ao período "antropocêntrico". Neste aspecto, até mesmo Caravaggio pintou figuras religiosas com feições mundanas, subvertendo os padrões. Na Holanda, pela influência da comercialização das porcelanas da Cia das Índias, desenvolve-se a pintura da natureza morta - vasos, flores, caças etc. No séc. XIV, Giotto Di Bondone torna-se o "pai" da pintura moderna (Início da História da Arte?). Daí em diante, no século XX, explodem movimentos artísticos após 1950, em comparação aos séculos anteriores. Algumas obras relevantes da época assinaladas foram: "São Francisco doa o seu manto" (Giotto di Bondone, 1303-1310) e "Adoração dos Magos" (Giotto di Bondone, 1303-1310). No século XV, Jan Van Eyck criou o pigmento com óleo de linhaça. Uma pintura relevante deste artista é "O casal Arnolfini" (Jan Van Eyck, 1434). No séc. XVI, Caravaggio apresenta "Narciso na Fonte" e "Judith Degolando Holofernes", criando uma escola de pintura em que se destaca o claro e o escuro e as cores saem do fundo negro. Entre artistas que seguiram sua escola identifica-se a única mulher do período renascentista na Europa: Artemisia Gentileschi.

[1] DANTO, A. C. Após o fim da arte: a arte contemporânea e os limites da história. Trad. de Saulo Krieger, Posfácio à edição brasileira de Virgínia H. A. Aita. São Paulo: Odysseus, 2006. 292p.
[2] OITICICA, H. Esquema geral da nova objetividade. In.: FERREIRA, G.; COTRIM, C. Escritos de artistas: anos 60/70. Zahar: Rio de Janeiro, 2006. p. 154-168.

Aula 2 - 15 de março 2017.

O segundo encontro foi marcado pela discussão do texto de Susan Sontag - "Um destino duplo: sobre Artemisisa, de Anna Banti" [1], resenha o romance de Anna Banti, que viveu na época da II Guerra Mundial, sobre Artemisia Gentileschi, artista ilaliana do séc. XVII. Banti escreveu romances sobre história das mulheres com essas enquanto protagonistas e destaca a figura de Arthemisia. Filha do pintor Orazio Gentileschi, Artemisia foi estuprada em 1611 por um colega de seu pai, tendo sido julgada e torturada por denunciar tal violência. Com um pai ausente, viveu em Roma e Florença, passando a integrar a escola de grandes mestres da pintura italiana e européia. Em suas pinturas, tematiza a fúria e vitimização das mulheres - p. ex. em Judith apunhalando Holofernes - na qual destaca o heroísmo feminino com base na violência a qual também sofreu. Passou os últimos vinte anos de vida entre França (Paris) e Inglaterra. Posteriormente, com o falecimento do pai, retornou à cidade de Nápoles. Ocupou um espaço destinado aos homens na História das Mulheres na Arte, rompendo estereótipos femininos, tendo obras relevantes em instituições como o Museu do Prado, em Madrid, Espanha [2].

Link da entrevista com a diretora Nancy Kates, do documentário "Regarding Susan Sontag": Regarding Susan Sontag
Trailer do documentário: http://sontagfilm.org/trailer

Em seguida, passamos à visualização de artistas do séc. XVII ao XIX e fotógrafos nascidos no século XVIII, com fotos produzidas no século XIX. Iniciamos com a obra clássica de Diego Velázquez, "As Meninas", de 1656, denominada primeiramente como "A família de Felipe IV"; Johannes Vermeer (1632-1675) e a analogia de algumas de suas obras que trataram de cenas cotidianas, com a linguagem fotográfica, tal como "A leiteira", exposta no Museu do Louvre; ou "Menina com brinco de pérola"; e a obra pouco conhecida: "A ruela", que apresenta casas de alvenaria, simples, uma rua vazia com mulheres em tarefas domésticas, imersas numa atmosfera de silêncio.
Nosso encontro seguiu com imagens de Nicephore Niépce (1765-1833), com a foto "Janela em Grass" (1826), primeira foto reconhecida, que captou uma visão do alto de uma janela; Louis Daguerre (1787-1851) e sua foto "Boulevard du Temple" (1839), capturando a cidade vazia. O fotógrafo criou o daguerreótipo, com o qual quase todas as fotografias eram realizadas, geralmente no formato 7 x 10cm, como a de Edgar Alan Poe, feita em 1848. William Fox Talbot, que criou o princípio do negativo de papel, imprimindo uma imagem negativa em um papel emulsionado, colando-o em outro papel emulsionado, para chegar ao seu positivo. Vimos sua fotografia "The pencil of nature" (1844). Frederick Archer cria a Ambrotipia.
Do período Romântico, visualizamos imagens do pintor Caspar David Friedrich, "O viajante acima do mar e das nuvens" (1819) e "Mar polar" (1823); Eugène Delacroix (1798-1863), "Dante e Virgílio", exposta no Museu do Louvre; pintor que fez parceria com Eugène Durieu, fotógrafo que produzia calótipos (1853). Visualizamos a obra clássica de Theodore Gericaut, a "Jangada da Medusa" (1819), também exposta no Louvre.
Seguimos com Maxime Du Camp (1822-1894) e suas paisagens da série "Viagem ao Egito" (1849-1859), nas quais fotografou paisagens com a presença da figura humana, dando a noção de escala na fotografia. Neste momento - meados do século XIX - surgem as fotos de cientistas, como "Dr. Guilhaume Duchenne" (1856), que usou a fotografia como suporte para documentação científica. Observamos fotografias de Félix Nadar (1820-1910), que fotografou Paris de um balão e tornou-se pioneiro na fotografia aérea; Etiènne Carjat (1828-1906), que fotografou intelectuais como Rimbaud e Baudelaire, este último, um crítico da fotografia como uma tentativa de captação do real.
Retornamos à pintura, com Ingres e sua obra "Madame Dauphine", exposta no Louvre; Man Ray e a fotografia clássica "Violão de Ingres"; Coubert e a obra "A origem do Mundo" (1866), exposta no Museu D´Orsay, em Paris; o fotógrafo Andre Disdéri (1819-1889) e seu carte-de-visite, que registrou pessoas que se vestiam em seu estúdio e faziam o registro fotográfico em cartões de visitas, que eram reproduzidos. O fotógrafo produziu a imagem clássica dos corpos em caixões (1871), da Comuna de Paris.

[1] SONTAG, S. Ao mesmo tempo: ensaios e discursos. São Paulo: Cia das Letras, 2008, 248p.
[2] BUENDÍA, J. R. et al. El Prado: colleciones de pintura. Madrid: Lunwerg, 2000. 598p.

Aula 3 - 22 de março 2017.

Nossoa terceiro encontro iniciou com a discussão do texto sobre "Fotografia: uma pequena suma", de Susan Sontag [1], ao qual escrevi algumas notas, abaixo:
  • A fotografia seria um "modo de ver" moderno que "molda" aquilo que percebemos, de forma "fragmentada". Nega a "complexidade do real", pois não temos sua experiência direta. - A câmera empurra adiante as fronteiras do real e na modernidade, as imagens tornam algo real. - A fotografia é registro da mudança, "destruição do passado". - A única realidade irrefutável é a aparência que as pessoas têm, captada pela fotografia. - Toda fotografia aspira ser um "fragmento da memória", um "detalhe" selvagem sobre a existência. - A fotografia como "arte" é um processo de notação e reconhecimento, que se difere da fotografia "engajada". - Não existe "foto final", que capte o real.
Este encontro foi organizado em duas partes: a primeira, que abordou a produção de duas artistas que atuam com fotografia em épocas distintas: Daiane ARBUS e Cindy SHERMAN; uma marca das aulas seguintes, quando abordamos a fotografia na História da Arte de forma anacrônica. Na segunda parte da aula, retomamos a narrativa histórica sobre a fotografia na segunda metade do século XIX e início do século XX.

Daiane Arbus trabalhou produzindo uma identidade projetada no outro enquanto Cindy Sherman se apropria de outra identidade, ambas a partir da fotografia. A primeira pelo subúrbio novaiorquino e seus outsiders, encontrados em campos de nudismo, boates, motéis, hospitais que recebiam crianças portadoras da Síndrome de Down, asilos, circo, onde fotografou artistas, prostitutas, transexuais, crianças, nudistas. Foi a primeira artista mulher norte-americana a representar o país na Bienal de Veneza. Arbus buscava a "imagem essencial". Produziu fotos com sua Rolleiflex, sem pensar rigidamente a composição formal ou acadêmica, com seus personagens centralizados, no formato quadrado, 6" x 6", sem rebatedores de luz, o que criava uma sombra pelo uso do flash. Uma de suas fotos icônicas é "As Gêmeas" (1967), que inspirou o diretor Stanley Kubric em sua obra "O Iluminado", estrelada por Jack Nicholson. O conjunto da obra de Arbus "individualizou" Manhatan ao registrar sujeitos sociais singulares, mantidos à margem da comunidade. Teve como uma de suas mentoras e professora, a fotógrafa Lisette Model, que fez obras com jogadores de Montecarlo e se baseou em Nova Iorque. Ambas tiveram infâncias similares na cidade, enquanto judias, ricas e educadas em famílias abastadas de Nova Iorque.

Cindy Sherman apresenta uma composição calculada, com narrativa, estranhamento, no qual cada "still" pode gerar uma narrativa independente e inconclusa, como um trabalho a ser decifrado, com signos e imagens em rotação. Suas fotos eram feitas por Robert Longo e seu pai, enquanto Sherman calculava a luz pela própria necessidade. Utiliza uma luz orgânica, técnica mais difícil. Produz uma imagem proposicional, que pede sua decifração pelo espectador. Em 1995, ganhou a bolsa Macarthur Fellowship, a maior bolsa de arte do mundo, recebendo U$500 mil para uma obra de cinco anos de investigação. Um de seus trabalhos clássicos são os "Untitled Films Stills 1977-1980", no qual apresenta 69 fotos em preto e branco.

Outro nome mencionado na lista das artistas contemporâneas que atuam com fotografia foi Nan GOLDIN e sua obra "Balada da dependência sexual" (1986), publicada e apresentada em Nova Iorque, tornando-se seu trabalho mais importante. Dentre as fotos mais famosas destaca-se "Nan and Brad in Bed" (1983) e "Nan one month after be ing battered" (1984) [2].
  • Indicação de filme sobre a vida de Daiane Arbus: "A Pele". Diretor: Steven Shainberg. Roteiro: Erin Cressida Wilson.
  • Trailer de "A Pele": Trailer "A Pele"
Na segunda parte da aula, retomando a trajetória da fotografia, iniciamos com algumas fotografias de Eadweard Muybridge (1830-1904), como "Cavalo em movimento" (1878) e seu diálogo com Duchamp, "Nu descendo a escada", assim como a obra dos irmãos Lumiére, com a invenção do cinema. Passamos a Étiènne Jules Marey e as fotografias sobre locomoção humana; Alexander Gardner (1821-1882), com sua fotografia de cunho jornalístico e documental, como "O franco atirador rebelde" (1863), uma cena montada; e "O enforcamento dos assassinos de Lincoln". Em seguida, visualizamos fotografias de Thimothy O´Sulivan (1840-1882), como "Batalha de Gettysburgh (1863); Gustave Rejlander (1813-1875), que já apresenta uma fotografia artística, não mais documental, como "Os dois caminhos da vida" (1857), feita inspirada no afresco de Rafael "A escola de Atenas" (1506-1510). O início da fotografia artística traz consigo alguns princípios da pintura nos últimos quatrocentos anos. Observamos imagens de Henry Peach Robinson (1830-1901), como "Fading Away" (1858), onde identificamos os efeitos da pintura na fotografia, em termos de composição, enquadramento, luz, planos etc. Influenciada pela escola de pintura Pré-Rafaelista, que buscava superar a perspectiva e o desenho. Conhecemos a fotografia de Julia Margaret Cameron (1815-1879) e sua fotografia de "Alice Liddel", também retratada por Lewis Carrol, e que atuou em Alice no País das Maravilhas e no País dos Espelhos. No contexto da virada do século XIX para XX, a fotografia artística como obra de arte pode ser reconhecida partir da 1910. Finalizamos nosso terceiro encontro com as imagens de fotografias feitas por Anne Brigman (1869-1950), que recebeu influência do pictorialismo, criando imagens de ninfas, divindades etc.; e de Fred Holland Day (1864-1933), uma fotógrafo e admirador da poesia de John Keats.

[1] SONTAG, S. Ao mesmo tempo: ensaios e discursos. São Paulo: Cia das Letras, 2008, p. 137-140.
[2] COSTA, G. Nan Goldin. New York: Phaidon, 2001.

Aula 4 - 29 de março 2017.

Dando continuidade ao diálogo entre Fotografia e Artes Plásticas, nosso quarto encontro privilegiou um grupo numeroso de fotógrafos, inciando por um grupo menos conhecido, proveniente de países africanos, que se tornaram independentes na década de 1960: Malick Sidibeé (Mali), J. D. 'Okhai Ojeikere (Nigéria), Amboroise Ngaimoko (Angola), Seydou Keïta (Nigeria) e Jean Depara (Angola).
Na sequência, abordamos a obra de Larry Clarck (1943-), um fotógrafo e cineasta com filmes relevantes, como: Kids (1995), Desafios das Ruas (2005) e O Cheiro de Gente (2014); além dos livros Tulsa (1970) e Teenage Lust (1983), no qual apresenta outsiders em cenas de nudez, uso de drogas e prostituição.
Hercules Florense, que fez experimentos de fotografia no Brasil em 1833, em Campinas; Mark Ferrez, que desenvolve uma câmera panorâmica com 110kg, capaz de fazer fotos panorâmicas de 42x110cm das Vistas dos Brasil; Augusto Malta, que fez documentação das reformas urbanísticas do Rio de Janeiro no início do século XX, como a Reforma de Pereira Passos; George Eastman Kodak, que inventou a máquina carregada com 100 fotos e o filme de rolo; Eugène Atget (1857-1927).
Alfred Stieglitz (1864-1946), fotógrafo de origem alemã, um paladino da fotografia como "arte", que começa como pictorialista - pela influência da pintura - e chega ao ponto de apresentar a fotografia como "meio". Observamos sua fotografia "The steerage" (1907), feita em um navio, numa viagem de Nova Iorque a Liverpool, quando fotografa, de cima, os passageiros da terceira classe, entre os quais podemos localizar o "punctun" da fotografia no homem com chapéu panamá. Esta fotografia foi considerada uma divisora de águas na História da fotografia no século XX. Mas tarde, o fotógrafo faz a série "Equivalent" (series, 1928-), na qual fotografa nuvens no céu, atribuindo o conceito de fotografia moderna à obra, questionando que qualquer um pode fazer fotografias de nuvens.
Edward Steichen (1879-1973) iniciou como pictorialista e torna-se um fotógrafo moderno, produzindo fotos de fragmentos: "Rodin e seu Pensador". A evolução do diálogo da fotografia com a Arte faz com que na segunda metade do século XX a pintura passe a "beber" na fotografia, invertendo-se a influência da pintura sobre esse meio, até então. Como exemplo, temos o Surrealismo, o Dadaísmo e a Pop Art.
Jacob Riis (1849-1914) foi um fotógrafo documentalista, que usava o flash de magnésio. Produziu fotos de Ellis Island, em Nova Iorque, Manhatan, onde imigrantes ficavam em quarentena. Possui fotos no MoMA. Editou o livro "How the other half lifes lives" (1890), no qual apresenta o modo de vida insalubre ao que os imigrantes viviam no subúrbio novaiorquino.
Lewis Hine (1874-1940) apresentava uma fotografia engajada, com formação acadêmica, formando-se na Columbia University, Nova Iorque. Foi um documentalista. Produziu uma série de fotografias de crianças trabalhando nas fábricas de Nova Iorque. Tais crianças trabalhavam até 12 horas ao dia, sem remuneração, como condição para os pais trabalharem. Suas fotos estão no livro e sua autoria "Kids at Work: Lewis Hine and the crusade against child labor" (1994) e no "National Child Labor Committee". Também teve sua obra publicada no livro "Men at Work" (1932), onde documentou os operários que construíram o Empire State Building, à época, o prédio mais alto do mundo, símbolo do poderio norte-americano. Suas fotografias inspiraram Chaplin no filme "Tempos Modernos".

Ao final da aula, assistimos ao DVD "Le Rendevouz de la photographie contemporaine", uma coletânea com vários artistas - Duane Michals, Nan Goldin, Sugimoto, Jeff Wall, entre os quais, assistimos o documentário sobre Sophie CALLE, acessando um pouco de seu processo criativo a partir de um trabalho intitulado “Suíte Vénitienne” (1979), quando, como um detetive, segue um homem nas ruas de Paris e vai até Veneza, produzindo um relatório minucioso. Depois pede que a mãe contrate um detetive que a siga na mesma situação, seguindo-a e produzindo seu relatório. Outro trabalho apresentado foi quando a artista passa a frequentar os cabarés de Pigale e trabalha como dançarina, sendo fotografada por pessoas que a artista contrata. Uma terceira investigação da artista foi a que apresenta trabalhos de pessoas cegas - "The Blind" (1986) - no qual perguntava a elas "O que é beleza para vocês?" e enquanto a pessoa a respondia, fazia uma foto. A obra é apresentada com a fotografia da pessoa, o texto sobre sua resposta e uma imagem que traduza o que a pessoa lhe relatou sobre a beleza.


18 de abril de 2017

Catálogo SP Arte 2017

Abaixo, seguem as páginas do catálogo da SP-Arte 2017, com as galerias que têm representado minha produção nos últimos anos: a Galeria Aura, radicada em Porto Alegre e agora com a galeria física inaugurada em São Paulo; assim como o Gabinete de Arte k2o, de Brasília, DF.




3 de abril de 2017

SP-Arte 2017

Divulgo minha primeira participação em parceria com o Gabinete k2o, que passou a me representar em 2017. Com sede em Brasília-DF, a galeria estará participando da SP-Arte, no Pavilhão da Bienal, entre 6-9 de abril, quando cerca de 120 galerias estarão apresentando a produção artística contemporânea atual. Com 22 artistas, o Gabinete k2o estará apresentando algumas de minhas obras recentemente expostas no Rio de Janeiro, na individual "Não-Lugares", com curadoria de Jozias Benedicto.
Abraço. Fabiano Devide.