21 de novembro de 2016

Um pouco do "Papo de Artista" sobre a exposição "Não-lugares"...




No Sábado, 19 de novembro, entre 18h e 20h, o Canto da Carambola promoveu um "Papo de Artista" com Fabiano Devide e o curador da exposição individual "Não-Lugares", Jozias Benedicto. Com a presença de uma audiência atenta e participativa, Miro Mendonça fez uma fala inicial, apresentando o artista e comentando o convite para a montagem de uma exposição no casarão de época, que vem se consolidando como um espaço de promoção da Cultura, representada pela Arte Contemporânea, o Teatro e a Gastronomia.






Em seguida, o Jozias Benedicto, escritor, artista e curador, fez uma apresentação da exposição, a partir de alguns aspectos, pontuados em seu texto ou presentes em seu discurso, como por exemplo: o conceito de "não-lugares', do antropólogo Marc Augé, destacando como o mesmo atravessava a poética das obras expostas; as intenções presentes na seleção e montagem das obras, assim como sua disposição no espaço das galerias; a dialética entre os "não-lugares" representados pelas obras em um casarão de época com construção iniciada no século XIX, que traz, por si, memórias e lembranças, conferindo uma identidade ao espaço; assim como sua recuperação pelos atuais proprietários, atribuindo-lhe o cunho de um "lugar" reconhecido até mesmo, por quem não reside ali, por seu aconchego e sua atmosfera. Por fim, Jozias fez comentários específicos sobre algumas obras, como "The Observer" e "Amanhecer para Quintana", destacando a polissemia possível sobre os sentidos contidos no azul, cor presente em todas as obras, de forma distinta, ora como um detalhe, ora protagonizando-as.


A partir de então, o artista Fabiano Devide discorreu sobre processo criativo, abordando, inicialmente, duas investigações realizadas em 2011 (Série Silêncios) e em 2012-13 (Série Janelas), as quais apresentaram, pela primeira vez, a atual paleta, com cores frias, com a qual vem desenvolvendo sua obra desde então, com presença do azul.






Em seguida, o artista abordou algumas influências em seu processo de criação, como a arquitetura, a literatura e o cinema, além das imagens que captura no cotidiano e utiliza em suas obras. Percorreu sucintamente o processo que originou o conjunto de obras exposto, produzido entre 2013-2016, com ênfase nos desdobramentos que surgiram na EAV-Parque Lage, onde foram concebidas, a partir de cursos livres. Nesse sentido, apontou para o desejo de lidar com o objeto tridimensional, processo que se iniciou com a confecção da "Caixa I" (Série Locus), apresentada junto ao texto da curadoria, na entrada da exposição; assim como conferir uma volumetria àquelas Janelas que surgiram em desenhos produzidos inicialmente em 2012.



O artista destacou o aparecimento de alguns elementos, como os "Blocos" que dão nome à série de desenhos, exposta na galeria principal; assim como algumas pinturas e as Luminárias-objeto "Cubo" e "Trapézio", executadas pela primeira vez para serem apresentadas com o conjunto de obras representadas pelas colagens, desenhos e pinturas.

Por fim, o artista sinalizou para alguns sentidos conferidos à superfície azul em suas obras, relacionando o sentido relacional entre os espaços interno e externo que esta cor proporciona em alguns desenhos, pinturas e colagens, momento em que relacionou esta noção à intervenção que fez na instalação "Entre", localizada na galeria do hall, que na montagem compunha um grande campo de cor, com três metros de altura e após o corte realizado, passou a ser uma passagem entre o espaço interno do hall do casarão, com o espaço externo do jardim. 

Terminada a fala, o artista convidou o público a participar do bate-papo, formulando questões sobre o trabalho. Alguns tiveram a curiosidade de conhecer um pouco do trabalho anterior à investigação atual, momento em que foi possível apresentar imagens das séries "Silêncios" e "Janelas", assim como um maior número de imagens de obras da investigação atual, não expostas no Canto da Carambola. O público participante construiu um belo e descontraído diálogo entre artista, curador e espectadores que apontaram aspectos relevantes, que reforçam a noção de que toda obra é "aberta" a partir do momento em que o artista a apresenta ao público.

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