23 de julho de 2011

Notas sobre o texto "Arte sem paradigma", de Arthur Danto

 
DANTO, A. Arte sem paradigma [1994]. Arte & Ensaios. Rio de Janeiro. Ano VII, n. 7, p. 198-202, 2000.

O texto clássico do filósofo e crítico de arte norte-americano Arthur Danto aborda o tema complexo do que ele denominou como o “fim da arte”. O autor apresenta exemplos de obras de artistas contemporâneos que ilustram sua tese, distanciando-a daquela apresentada pelo crítico norte-americano Clement Greenberg, na década de 1960. A tese de Danto é apresentada primeiramente em um texto publicado por ele em 1984, intitulado “A destituição filosófica da arte”, quando associa o “fim da arte” ao “fim da narrativa” na década de 1960, quando ocorrem mudanças importantes na arte moderna, sobretudo a relevância da tomada de consciência, exemplificada com a exposição de Andy Warhol, em Nova Iorque [1964], quando expôs as Brillo Boxes. Tal obra problematizou de forma explícita o que a filosofia vinha se ocupando: responder à questão “O que é arte?”. Danto apresenta dois corolários a partir da análise da obra de Warhol: i) a obra de arte não deve ter uma forma particular; e ii) a análise da obra não depende apenas de sua visualidade, mas da filosofia.


O autor oferece exemplos para que o leitor compreenda o que quer dizer. Entre esses, o trabalho de fotografia de Walker Evans e a mesma fotografia apropriada por Sherrie Levine, que a intitulou “After Walker Evans”.  Danto ressalta o fato de não ser possível compreender a obra de Levine apenas pela informação visual que nos é oferecida pela imagem, dependendo de outro tipo de informação. A partir dessas reflexões, Danto afirma que “o mundo da arte hoje não tem uma unidade estilística que se possa verificar com o olho” (p. 201). Ou seja, a informação visual da obra é insuficiente para interpretá-la. Da mesma forma, o fim da arte significa pensar que “tudo é possível, que a lei da possibilidade não existe e não há nenhuma forma da qual um artista não possa se apropriar” (p. 201).  Para o autor, o período a partir da década de 1960 é aquele no qual qualquer escolha é possível por parte do artista. Portanto, distinto daquele ocorrido em Nova Iorque entre as décadas de 1940-1950, quando só havia uma possibilidade de se fazer arte, momento no qual Greenberg apresentou sua teoria sobre o Modernismo. Para esse crítico, a pintura deveria se ocupar dos problemas do plano e do espaço, não sendo ilustrativa e não intervindo nos espaços da escultura e da arquitetura. Finalizando o texto, Danto apresenta artistas como Ad Reinhartdt, Robert Ryman, Robert Colescot e Jenny Holzer, como exemplos de rompimento com o paradigma modernista, por suas escolhas que não se enquadravam mais na teoria greenberiana. O autor conclui o texto apresentando diferenças entre a sua visão e a visão de Greenberg para o “fim da arte”. Se para Greenberg, esse é o momento no qual o artista produz obras puras e em consonância com o cânone modernista; para Danto, o “fim da arte” é o momento no qual a arte atinge a compreensão filosófica de sua identidade, fazendo com que os artistas não necessitem se adequar a um paradigma pré-estabelecido.


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