2 de janeiro de 2025

Herberth Sobral e a crítica social através do brinquedo





Herberth Sobral (Muriaé, MG, 1984) - Vive e trabalha em Rio de Janeiro, RJ.
"Sobral sempre se interessou por artes plásticas e se tornou um artista que coloca temas polêmicos e sociais do cotidiano em discussão. Começou a sua carreira artística quando fez um curso de fotografia que o levou a ser convidado por Vik Muniz para trabalhar como seu assistente. Heberth desenvolve projetos em que utiliza o suporte de azulejos, pinturas, desenhos, cédulas e bonecos para construir a sua própria linguagem, sempre voltada para a representação das memórias do cotidiano, onde aborda temas de comportamento, pensamentos e atos realizados através de uma cultura. Fazendo sempre algo presente na vida de todos, a ideia do artista é levar o expectador para dentro da sua obra por meio de uma lembrança. Frequentemente, utiliza sua conta pessoal do Instagram como uma espécie de estúdio aberto, onde é possível acessar parte do processo de pesquisa dos seus projetos mais recentes, inclusive pensando o aplicativo como um arquivo, onde coleciona, organiza e publica imagens e informações referentes ao fazer de cada trabalho. As suas obras foram adquiridas para o Museu Afro em São Paulo, SP, Brasil; o Museu Chácara do Céu no Rio de Janeiro, RJ, Brasil; Museu Ariana, Genebra, Suíça e para coleções particulares no Brasil e na Europa".
Disponível em: https://www.premiopipa.com/heberth-sobral/ acesso em: 02 Jan. 2025.

O artista inaugurou duas exposições no Museu da Chácara do Céu em 2023.
"A primeira é parte do Projeto Os Amigos da Gravura que completa 70 anos de existência e é um dos mais tradicionais da cena artística carioca já tendo recebido a criação de obras originais de grandes nomes de nossas artes visuais (...). Nesta edição o artista convidado Heberth Sobral preparou uma fotografia digital denominada “Mata”, na qual retrata uma floresta onírica com espécies vegetais compostas por fragmentos das figuras do boneco Playmobil, marca registrada da poética criativa de Sobral. (...). A exposição temporária que acompanha o lançamento da gravura apresenta 9 pinturas de igual temática, executadas sobre chassis de madeira e também em portas e janelas recicladas. A segunda delas localiza-se no Espaço Contemporâneo do Céu que inaugura agora no Terraço Panorâmico do Museu da Chácara do Céu e pretende trazer a Arte Contemporânea para escoltar os panoramas cinematográficos do Rio (...). Heberth Sobral criou 2 obras para este Espaço, com usos diferenciados do azulejo. O “Banco H”, é um banco-escultura que utiliza azulejos estampados industrialmente com a padronagem que remete aos fragmentos de corpos do boneco Playmobil, característicos de sua obra. Os murais “IL Giardino di Manuela” I e II, por sua vez são compostos de azulejos pintados a mão e trazem o tema das Matas e Florestas, não naturalistas, com árvores desenhadas como seres cuja origem espelha, ainda que remotamente a espécie humana (na verdade, mais uma vez, aparecem aqui os fragmentos de corpos do boneco Playmobil)".
Disponível emhttps://dasartes.com.br/agenda/heberth-sobral-museu-da-chacara-do-ceu/ Acesso em: 02 Ja. 2025.

Refletindo sobre os diálogos possíveis entre a Educação Física e as Artes Visuais, especificamente a Arte Contemporânea, cabe uma análise e interpretação do processo criativo do artista Herberth Sobral que, a partir de um brinquedo presente no imaginário de muitas pessoas – o Playmobil -, produz uma obra que desencadeia na/o espectador/a uma reavaliação dos processos de colonização do Brasil, da escravização e do racismo estrutural, assim como da possibilidade de criação de imagens que remetem a outros contextos, por vezes oníricos, paisagísticos, a partir das formas dos fragmentos do brinquedo Playmobil. Como podemos pensar em promover um diálogo entre a obra deste artista, via um de nossos conteúdos – o brinquedo e a brincadeira – ampliando o debate para tematizarmos o racismo, a violência, e o processo de escravização de africanas/os que aportaram no Brasil, presentes nas imagens de Debret, apropriadas pelo artista, de forma sagaz e potente?.