17 de outubro de 2012

30a Bienal/SP - As práticas corporais e a ludicidade nas obras de Arthur Bispo e a "constelação" de Péres-Oramas


Manto da apresentação
Arthur Bispo do Rosário
[artista homenageado]
A 30ª Bienal/SP tem curadoria de Luis Pérez-Oramas e possui como tema “A iminência das poéticas”. Homenageando Arthur Bispo do Rosário, a mostra é constituída por 111 artistas e cerca de três mil obras expostas nos três andares do Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, até 9 de dezembro de 2012. A expografia da mostra apresenta grupos de obras de um mesmo/a artista, como pequenas mostras individuais, ao redor da obra do artista homenageado, conferindo uma ideia de “constelação” relacional entre todos/as.


Há dois anos publiquei um post sobre a presença do “lúdico” em alguns trabalhos que vi na Bienal de São Paulo e na Paralela, em 2010. Passados dois anos, minha investigação artística seguiu outros caminhos, mas meu olhar permanece sensível para a experiência estética de confronto com a obra de arte que tematiza de forma contundente ou periférica, práticas corporais representadas pela ginástica, pela brincadeira, pelo jogo, pelo esporte, pela dança etc.

Por isso, publico novamente aquele post de 2010 [abaixo], tecendo algumas ressalvas: 1. Algumas imagens apresentadas a seguir são fragmentos de algumas obras e por isso apresentados/as lado a lado [fragmento e obra]; 2. O deslocamento da imagem de um trabalho do conjunto dos demais apresentados na 30ª Bienal/SP interfere significativamente na produção de sentido sobre o mesmo, posicionado de forma intencional na expografia da Bienal. Nesse sentido, minha intenção primeira segue na direção de pôr em foco alguns fragmentos ou obras expostas que tematizam as práticas corporais, mais do que apresentá-las como síntese do pensamento dos seus/suas artistas.


 

Frédéric Bruly Brouabré
Costa do Marfim

Nydia Negromonte
Lima, Peru
Barrado [argila crua sobre a parede] e A Ginasta [Impressão digital em papel]





 1


Alair Gomes
Valença, Rio de Janeiro
Tríptico na Praia n. 3 [1] e Tríptico na praia n. ? [acima]

1
2
3
4

Ilene Segalove
Los Angeles, Estados Unidos
History of the American 20th Century - 1981
[1-4 - fragmentos]
1
2

Ciudad Abierta
Valparaiso, Chile
[1-2 > fragmentos]






Waldemar Cordeiro
Série Parque infantil Clube Espéria




Ed Hirose
Lima, Peru
Série Pozuzo [2000-2003]
79 fotografias [fragmentos]









Cadu
São Paulo, Brasil
Partitura, 2010-2011



Arthur Bispo do Rosário


 Associado ao brinquedo [1], à brincadeira [2], ao jogo e ao esporte, o “lúdico” tem como característica a espontaneidade, criatividade, alegria, prazer, fruição, presentes em práticas corporais diversificadas. Pode ser interpretado como uma manifestação cultural, inerente ao ser humano [não somente à cultura infantil], estando vinculado às práticas sociais, potencializando a existência humana e a sua comunicação com a realidade. A cultura lúdica tem sido extirpada da infância [e da vida adulta]. Da mesma forma, suas manifestações têm sido “controladas” e “confinadas” a tempos, espaços e práticas legitimadas e associadas ao consumo pela indústria cultural. Como a arte contemporânea pode resgatar a dimensão do lúdico na vida cotidiana [até mesmo no processo criativo]? Visitando a 30a Bienal de Arte Contemporânea, em São Paulo, me deparei com alguns trabalhos que utilizaram o brinquedo, a brincadeira, o jogo e o esporte como tema [central ou secundário], resgatando um pouco da ludicidade necessária. Seguem as imagens...


[1] Objeto com dimensão material, suporte da brincadeira, que estimula o imaginário.

[2] Ação que a criança desempenha sobre o brinquedo.